Público - 2 Mai 04
No Dia da Mãe Virgínia e Cristina Celebram 18 Vezes...
Por VANDA PROENÇA, da Agência Lusa
Virgínia tem nove filhos e acredita que, numa família numerosa, as
tristezas dividem-se e as alegrias multiplicam-se. Cristina, também
mãe nove vezes, espera continuar a dar à luz e adoptar mais
crianças.
A disponibilidade para a vida e a gestão cuidadosa das finanças são
os segredos destas duas mulheres que diariamente desfrutam do prazer
de fazer parte de uma família numerosa, confessaram.
"O que é barulho para uns, é música para os nossos ouvidos. Ter
muitos filhos não é sinónimo de pobreza, de comiseração. Para nós, é
riqueza espiritual, muita alegria e também muita confusão, às
vezes", contou Cristina Torres, de 39 anos.
Esta mãe de nove filhos, entre os 13 anos e os 16 meses, um dos
quais adoptado, vive numa moradia na margem sul do Tejo, com três
andares. "Estamos distribuídos pelos vários pisos da casa, mas ainda
se arranja espaço para mais. Temos um carro de nove lugares, embora
sejamos onze, mas já andamos a pensar como vamos comprar um mini-bus",
adiantou.
Cristina não esconde a vontade de voltar a engravidar e a
expectativa de repetir a experiência, que viveu há um ano quando foi
integrado na família um rapaz de sete anos, de receber o segundo
filho adoptivo, que queria que fosse uma menina.
"Ter muitos filhos foi um projecto de namoro. Dedico-me a tempo
inteiro à família, desde que nasceu a primeira criança. Contudo, a
nossa vida de casal é a prioridade, pois acreditamos que os filhos
só estão bem emocionalmente se os pais também estiverem", contou.
Numa casa com muitas crianças, o que conta é o espírito de equipa:
"as tarefas estão distribuídas, as crianças mais velhas fazem
diariamente as camas, arrumam os sapatos, os brinquedos, e tratam da
sua higiene pessoal", acrescentou Cristina.
Quanto às despesas de uma família tão grande, estas duas mães dizem
que o segredo é uma boa gestão: "compramos só o que é essencial,
nunca artigos de marca, e normalmente em grandes quantidades. Também
a escolaridade das crianças tem sido feita no ensino público", disse
Cristina.
Também os nove filhos de Vírgula Magriço, entre os 13 e os 29 anos,
aprenderam a sublimar impulsos consumistas: "Ensinámos os nossos
filhos a fazer opções e a prescindir do que não é importante. No
fundo, aprender a viver".
Esta mãe de 55 anos optou por nunca deixar de trabalhar, ao
contrário de Cristina. Foi funcionária do centro de documentação do
Ministério da Educação e hoje dedica sete horas do seu dia ao
Instituto de Investigação Científica Tropical, em Lisboa.
Virgínia defende que a "disponibilidade para a vida" é essencial
para querer ter uma família numerosa e assegurar o bem estar de
todos os filhos. "Numa família grande, as tristezas dividem-se e as
alegrias multiplicam-se. O meu Dia da Mãe, embora igual ao de todas
as outras mais, acaba por ser multiplicado", concluiu Virgínia.
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