Educação: Daniel Sampaio diz que “sinais de
alarme” começam na infância Delinquentes aos sete Bernardo Esteves
As crianças com sete anos já revelam sinais de que
podem vir a tornar-se delinquentes e por isso há que
intervir muito cedo, defende Daniel Sampaio.
O psiquiatra é um dos oradores da ‘4ª Conferência
Mundial sobre Violência Escolar’, que entre hoje e
quarta-feira reúne em Lisboa os maiores
especialistas da área. 'Podemos ter sinais de alarme
muito precoces, logo aos 7, 8 anos, que tornam a
criança susceptível de vir a ter comportamentos
delinquentes. Esses sinais são comportamentos de
violência para com os colegas, destruição de
material escolar, dificuldade em fazer amigos. Há,
por isso, que intervir muito cedo, a três níveis:
escola, família e comunidade', afirmou ao CM.
As últimas estatísticas oficiais indicam uma redução
da violência escolar, mas Sampaio alerta para a
violência escondida: 'Em Portugal, não temos
comportamentos de grande violência, mas muitas vezes
esta instala-se de forma surda, com pequenas
situações de ameaças nas casas de banho ou casos de
bullying, provocação e humilhação entre alunos',
indica.
Já para a investigadora Margarida Matos, que
coordenou um estudo a apresentar na Conferência, há
claramente uma melhoria. 'A violência e o bullying
subiram entre 1998 e 2002, mas a partir daí têm
vindo a descer. Por vezes a percepção que as pessoas
têm é contrária porque, felizmente, somos cada vez
mais intolerantes face à violência. A imprensa
relata mais casos e as pessoas assustam-se',
conclui.
PINTO MONTEIRO NA CONFERÊNCIA SOBRE VIOLÊNCIA
O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, um
dos principais promotores do debate mantido nos
últimos tempos em Portugal sobre violência escolar,
estará hoje na abertura da ‘4ª Conferência Mundial
sobre Violência na Escola e Políticas Públicas’, que
decorre até quarta-feira na Fundação Calouste
Gulbenkian, em Lisboa.
Também marcarão presença na abertura da conferência
a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e
o antigo ministro David Justino, em representação da
Presidência da República.
'CHEGAM CASOS GRAVES' (João Grancho, Coordenador da
Linha Bullying)
Correio da Manhã – A linha de apoio a vítimas de
bullying (808 968 888) já recebeu muitas chamadas?
João Grancho – Já recebemos cerca de vinte
contactos num mês. Em quantidade não é muito, mas os
casos que nos chegam são graves, de jovens que
sofrem muito com a situação em que vivem e que pode
provocar insucesso e abandono escolar ou outras
situações bem mais complicadas.
– São jovens de que idades? Os pais também ligam?
– Até são os pais quem mais ligam para a linha.
As vítimas têm entre 11 e 15 anos. Importante é que
cada vez estão mais alerta e percebem a diferença
entre o que é normal e o que é uma agressão.
Furtos: 25,8 %
Ofensa à integridade física/tentativa de
agressão/agressão: 24,2 %
Injúrias/ameaças/difamação: 15,2 %
Posse/uso de arma: 2 %
1252 ocorrências com alunos
402 ocorrências com professores
322 ocorrências com funcionários
Fonte: Ministério da Educação e MAI