Público - 19 Jun 08

 

Polémica das incobráveis" da EDP sobe ao Parlamento

 

A proposta da Entidade Reguladora do Sector Energético (ERSE) para que o valor das facturas incobráveis da EDP seja pago pelos restantes clientes da empresa vai chegar à Assembleia da República. PS e CDS-PP querem ouvir explicações do presidente do regulador e de membros do Governo.

 

O PS pediu ontem a presença urgente no Parlamento do presidente da ERSE, Vítor Santos, considerando que a entidade avançou com propostas que são "revoltantes", por penalizar as famílias e a maioria das empresas.

 

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da bancada socialista Afonso Candal afirmou: "Neste momento, essa audição impõe-se. É com alguma indignação que recebemos algumas das propostas que têm vindo a público e que são atribuídas à ERSE".

 

Para Afonso Candal, "é inaceitável que se proceda a uma redução do risco das empresas [de electricidade] e se partilhe depois o risco dos incobráveis com terceiros, onerando os consumidores cumpridores".

 

Paulo Portas, por seu turno, desafiou o Governo, através da Direcção--Geral de Energia, a esclarecer "rigorosamente" se aceita a medida "descarada" para que a EDP passe a cobrar aos consumidores cumpridores as contas incobráveis dos devedores.

 

Em conferência de imprensa, Paulo Portas anunciou que a sua bancada chamará em breve ao Parlamento o ministro da Economia, Manuel Pinho, assim como os presidente da EDP, António Mexia, e da ERSE.

 

"O CDS opõe-se firmemente que a EDP impute aos clientes que pagam a sua tarifa a tarifa dos clientes que não pagam. Isso é uma medida descarada, porque é fazer pagar o justo pelo pecador", considerou o líder democrata-cristão. Nesse sentido, o presidente do CDS-PP exigiu que o "Governo se pronuncie, através da Direcção-Geral de Energia, rigorosamente contra" esta medida.

 

Paulo Portas levantou ainda "fortes dúvidas" sobre a possibilidade de ser adoptado um procedimento de revisão trimestral dos preços da electricidade. "Em debates parlamentares com o primeiro-ministro, perguntei-lhe se o défice tarifário estava controlado, o primeiro-ministro respondeu-me que estava controlado. Perguntei-lhe também se a electricidade ia aumentar, e o primeiro-ministro respondeu-me que não", apontou o líder democrata-cristão.

 

"Esta revisão trimestral pode esconder aumentos encapotados com repercussões ainda mais negativas para os consumidores e para a economia", advertiu. PÚBLICO/Lusa