Assistimos ontem no programa Sociedade Civil a uma
grave demonstração de falta de democracia. No debate
que se seguiu à exibição de um filme sobre educação
sexual, foi com grande surpresa que constatámos o
nível de intolerância demostrado por alguns dos
intervenientes. Preocupante é o facto de se tratar,
entre outros, do coordenador do Grupo de Trabalho de
Educação Sexual (GTES), nomeado pela Senhora
Ministra da Educação para regulamentar a educação
sexual nas escolas portuguesas.
Essa educação sexual, segundo despacho da Senhora
Ministra e no seguimento de indicações do GTES, deve
ocorrer dentro de uma forte colaboração entre Pais e
Escola. Ontem, ao longo do programa e sempre que era
manifestada uma opinião diferente da do Prof. Daniel
Sampaio, os autores da referida opinião eram
rotulados de “inseguros”, “com problemas na cabeça”,
com “argumentos frágeis”.
De referir que os mais de 27000 Pais que assinaram a
petição proposta pelo MOVE no sentido de consagrar
aos Pais o direito de escolherem a educação que
pretendem para os seus filhos foram considerados...
em número diminuto, que apenas faziam muito barulho.
Quer isto dizer que não devem ser considerados, que
não têm direitos legítimos? Relembramos que na
apresentação da petição na Assembleia da República,
todos os partidos se referiram com respeito à
quantidade de assinaturas apresentada.
Chegou a ser afirmado que a educação sexual nas
escolas serve também para ir contra a vontade dos
Pais que não queiram falar de sexualidade aos seus
filhos! Assistimos portanto a uma sobreposição da
escola aos Pais, a uma colocação dos Pais num plano
inferior. Não há sequer uma tentativa de acolhimento
e ajuda a esses Pais, mas apenas um afastamento
liminar e uma sobreposição da escola ao direito
inalianável dos Pais à educação dos seus filhos.
No programa de ontem, Daniel Sampaio prestou um mau
contributo para que a educação sexual dos jovens
seja debatida com seriedade e elevação. Neste, como
em tantos outros temas, não se ganha nada tentando
menorizar o outro ou sendo intolerante. É pena que
um psiquiatra com tantos anos de carreira como
Daniel Sampaio tenha caído nesta armadilha.
Ontem na RTP2 surgiu um Daniel Sampaio em flagrante
contradição com as posições de abertura aos Pais e à
diversidade de opiniões e métodos na educação sexual
que o GTES tem declarado defender, nomeadamente no
seu Relatório de Progresso. Importa saber qual dos
dois Daniel Sampaio é o verdadeiro, porque eles são
incompatíveis!
Acreditamos que a Senhora Ministra da Educação quer
mais para as crianças e jovens portugueses num tema
que é tão intrínseco ao ser humano e ao mesmo tempo
tão condicionador da sua felicidade.
O MOVE irá solicitar uma reunião ao GTES para
perceber os objectivos e metodologias que pretende
propor às escolas e aos Pais. Do resultado dessa
reunião daremos nota aos Pais.
1 de Junho de 2007 – Dia Mundial da Criança
Pelo MOVE – Movimento de Pais
Ana Líbano Monteiro
Isabel Carmo Pedro
Adriana Menezes
Tel: 934 600 075