Público - 04 Jun  05

 

Projecto de lei apresentado ontem

CDS insiste no empréstimo dos manuais escolares

Sandra Silva Costa

Os populares recuperam medidas aprovadas pelo anterior executivo, mas revogadas pelo actual Governo

Empréstimo aos alunos mais carenciados, avaliação dos manuais escolares e uma vigência de seis anos destes materiais pedagógicos são os pontos principais do projecto de lei que o CDS-PP apresentou ontem no Parlamento. Em traços largos, o documento recupera as linhas de orientação que haviam sido aprovadas pelo anterior executivo PSD/CDS a poucos dias das eleições legislativas de Fevereiro, mas entretanto revogadas pelo actual Governo socialista.
Em conferência de imprensa realizada na Assembleia da República, o líder parlamentar dos populares, Nuno Melo, justificou o projecto de lei com a "irracionalidade" do sistema de manuais escolares em vigor, que leva as famílias portuguesas a gastarem "anualmente cerca de 150 milhões de euros" na aquisição de livros "com apenas 10 meses de vida útil".
O projecto de lei ontem apresentado, com discussão agendada para a próxima quarta-feira no Parlamento, atribui às escolas a responsabilidade de criarem "um sistema de empréstimo" aos estudantes "pertencentes a agregados familiares carenciados".
Para facilitar a aplicação desta medida, o CDS-PP impõe que "a adopção dos manuais escolares seja válida por um período de seis anos", durante o qual os livros poderão ser utilizados por vários alunos e, em algumas famílias, por vários filhos.
O deputado do CDS João Almeida adiantou que, tendo em vista permitir um melhor planeamento dos gastos com os livros, as escolas serão obrigadas a divulgar quais os manuais adoptados com quatro meses de antecedência, no final de cada ano lectivo, e não em Agosto, como acontece actualmente.

Comissões avaliam
a qualidade dos livros
O diploma ontem conhecido, que se refere a todas as disciplinas e áreas disciplinares dos ensinos básico e secundário, propõe também "clarificar o sistema de avaliação dos conteúdos" dos manuais escolares.
O texto prevê que o Ministério da Educação desenvolva processos que permitam aferir a "qualidade dos manuais escolares", conduzidos por "comissões que integram especialistas de reconhecida competência científica e pedagógica".
Se esta avaliação for considerada "favorável", os manuais recebem "um certificado de qualidade"; caso contrário as editoras terão que corrigir os aspectos que motivaram a apreciação desfavorável.
"Questionámos, em comissão, a ministra da Educação sobre estas medidas e sabemos que há abertura por parte da maioria do PS para introduzir um novo sistema [relativo aos manuais escolares]", disse João Almeida, ressalvando, contudo, a discordância do executivo no que diz respeito ao empréstimo dos livros.
O CDS-PP fez questão de sublinhar que o seu projecto é apresentado "no final do ano lectivo" e não, "de forma oportunista", "no início do ano lectivo, quando as famílias têm de comportar gastos com os manuais escolares", e apelou ao Governo para que apresente também agora a sua proposta. com Lusa

WB00789_.gif (161 bytes)