Carlos Aguiar Gomes - 14 Jun 04
Pela
Liberdade de … Educação!
Portugal, pelos seus
sucessivos Governos, ditos democráticos, continua a não reconhecer,
de facto e efectivamente, a liberdade dos Pais poderem
escolher a escola para os seus filhos. Pública ou Privada, em
igualdade de circunstâncias. A não se verem constrangidos a fazer a
“opção” que de facto não o é, de porem os seus filhos nas escolas
públicas. É este o sector da vida pública onde ainda não chegou o
pluralismo, o mais importante e decisivo: o pluralismo de projectos
educativos. Há partidos políticos para todos os gostos e feitios.
Proliferam os Sindicatos de todas as tendências. A Liberdade dos
média é um facto. Todos podem optar por seguir ou não uma
religião qualquer. Podem-se gozar férias um pouco por todo o lado.
A sociedade portuguesa é
uma sociedade livre e plural. Excepto na área da Educação. Nesta os
Pais são permanentemente penalizados e constrangidos. Não se lhes dá
a liberdade de escolher a escola que melhor corresponde aos seus
valores morais ou religiosos. Confunde-se liberdade de escolha com a
possibilidade económica de opção por escolas privadas muitas vezes
caras e, por isso, reservada a um grupo muito reduzido de famílias.
O Estado, em contrapartida, finge que é neutro e “oferece”
escolas onde vale tudo: projectos educativos débeis e sem
referências estruturantes do ponto de vista ético ou religioso; onde
cada docente “anima” as suas aulas, não com neutralidade que não
pode, mas de acordo com os valores em que acredita, arrastando na
confusão adolescentes e jovens (e há situações muito
complicadas!...); onde ninguém vê ninguém, transformando os
corredores e outros espaços comuns em espaços de libertinagem:
gestual, de linguagem, sexual, etc.
O sistema de ensino
faliu. Haja coragem de o constatar. Haja força e vontade para o
mudar. E a principal mudança que urge fazer é a da liberdade de
ensino, onde como já disse, cada família possa fazer a opção que
quiser quanto a escolha da escola para os filhos! Só assim se
poderá dizer que a Portugal, finalmente, chegou a Democracia. A
situação actual é ainda e na prática a do monopólio do Estado que se
arvora em tutor e guia dos Pais, ao arrepio da liberdade que se
impõe!
No 10º aniversário do
Ano Internacional da Família
Em 1994, por decisão da
ONU, foi celebrado, em todo o mundo, o Ano Internacional da
Família e instituído o Dia Internacional da Família a
celebrar todos os anos em 15 de Maio. A ONU entendeu, assim,
sensibilizar toda a sociedade para a importância da Família, como
comunidade estruturante e fundacional de toda a sociedade humana.
Quis, igualmente, chamar a atenção dos decisores políticos,
económicos, espirituais e culturais para os problemas tradicionais e
emergentes da Família e para a premência de voltar um novo olhar
para aquela célula base da humanidade.
Decorreram, entretanto,
10 anos e novas situações gravosas para as Famílias surgiram ou
estão a surgir. Por isso, tornou-se imperioso, voltar a recentrar a
atenção de todo o mundo na Família. Por isso, a ONU decidiu fazer as
comemorações do 10º aniversário do AIF com objectivos bem precisos:
- reforçar a
consciencialização dos Governos e do Sector privado para os assuntos
da Família;
- reforçar a capacidade
das Instituições nacionais para formularem, implementarem e
monitorizarem as politicas que envolvam as famílias;
- estimular esforços para
responder aos problemas que afectam as situações familiares;
- estimular todo o tipo
de contributos sobre a situação e necessidades das famílias, que
identifiquem assuntos e problemas específicos;
- aumentar a eficácia dos
esforços ao nível local, nacional e regional que levem a cabo
programas específicos sobre as famílias ou que criem novas
actividades ou reforcem as existentes;
- melhorar a colaboração
entre as organizações não governamentais nacionais e internacionais
que apoiem as famílias.
Estes objectivos lançam a
inquietação a cada um, à escala da sua capacidade de decisão, para
se desinstalar, arregaçar as mangas e deitar mão, no concreto dos
nossos contextos sociais, laborais, culturais e espirituais em que
cada um de nós vive, a favor das famílias. Das famílias concretas.
Sobretudo daquelas que não chegam às migalhas que sobram do banquete
das abundâncias desta sociedade consumista hedonista,
hipermaterialista e hiperindividualista. Por isso, a atenção
solícita de quem vê e sente que “pela Família passa o futuro da
humanidade” (João Paulo II) deve centrar-se a acção objectiva a
favor das famílias que não tem que comer, a quem falta casa digna ou
trabalho pago com justiça ou cultura que lhes permita participar
livremente na sociedade democrática em que vivemos ou sofrem no
corpo e na alma as violências, injustiças, intolerâncias, faltas de
solidariedade e de gratidão intrafamiliar ou por parte da
sociedade... todas as famílias merecem a nossa atenção e o nosso
trabalho de apoio, defesa e promoção da dignidade intrínseca à
própria Família, porém as mais frágeis ou excluídas devem merecer
uma atenção, preocupação e intervenção mais acentuada.
Finalmente, este 10º
aniversário do Ano Internacional da Família deve, também, ser
ocasião de anúncio de novas medidas proactivas a favor da Família e,
ocasião, igualmente de denúncia de todos os atentados aos Direitos
da Família.
Carlos Aguiar Gomes
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