Público - 24 Jun 03

Consumo de Haxixe Dispara Entre Alunos Portugueses
Por ANDREIA SANCHES COM A.C.

Os jovens portugueses em idade escolar estão a consumir mais haxixe. Entre 1998 e 2002, a percentagem de estudantes dos 6º, 8º e 10º anos de escolaridade que diz já ter experimentado aquela droga passou de 3,8 para 9,2 por cento. Duas vezes e meia mais.

São também mais os que fumam tabaco, bebem bebidas alcoólicas destiladas e preferem as coca-colas, os doces e os chocolates à fruta e aos vegetais. "A saúde dos adolescentes não está nos seus melhores momentos. A tendência geral é para uma situação agravada em termos de risco para a saúde", conclui a equipa que elaborou o estudo "A saúde dos adolescentes portugueses em 1998 e quatro anos depois", coordenado por Margarida Matos, professora da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade Técnica de Lisboa. A publicação é hoje apresentada.

Foram inquiridos 6131 alunos, uma amostra que representa a população escolar de Portugal continental que frequenta os 6º, 8º e 10º anos em estabelecimentos oficiais. A média de idades dos que responderam é de 14 anos. Quase todos os indicadores analisados podem ser confrontados com os dados obtidos através de um inquérito semelhante feito em 1998, por uma equipa já então coordenada por Margarida Matos. E é dessa comparação que resultam os dados mais preocupantes: há cada vez mais jovens a fazerem escolhas de vida que são prejudiciais à saúde.

"Há de facto um aumento significativo no consumo [de substâncias ilícitas], mas é preciso sublinhar que todos estes indicadores de risco se referem a uma minoria de jovens. Essa minoria está a aumentar e não está a ser sensível a todos os programas que estão em curso. Contudo, é muito mau se os nossos adolescentes começarem a achar que os consumos são a norma. É preciso que se diga que a maior parte dos jovens passam a sua adolescência sem terem grandes problemas", sublinha Margarida Matos.

E quando se fala de "problemas" fala-se desde logo de consumos de álcool, tabaco e drogas. Alguns dados: o consumo de haxixe mais do que duplicou em quatro anos - 12 em cada cem rapazes dizem que já experimentaram, o mesmo acontecendo com 6,5 por cento das raparigas. Em 1998 esses valores eram, respectivamente, de 5,4 e 2,5 por cento. Recorde-se que o consumo de "cannabis" aumentou durante a década de 90 na maior parte dos países europeus, de acordo com o último relatório anual do Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência. Um documento que revelou ainda que o crescimento do consumo foi mais notório entre os jovens, mas que estava estabilizado.

A experimentação de heroína pelo alunos também cresceu, mas muito ligeiramente - há cinco anos, 1,3 por cento dos inquiridos afirmaram já ter experimentado aquela droga; em 2002 foram 1,8 por cento.

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