Público  - 01 Jul 08

 

Inflação na zona euro atinge quatro por cento e bate recorde dos últimos 16 anos

 

As campainhas de alarme soaram em Bruxelas. Reina a inquietação entre os responsáveis máximos europeus, depois de o Eurostat ter revelado que a inflação na zona euro foi de 4 por cento em Junho, depois dos 3,7 por cento registados em Maio.

 

O valor avançado ontem pelo gabinete de estatísticas da União Europeia, que constitui ainda uma primeira estimativa do andamento dos preços no mês que ontem terminou, é o mais alto dos últimos 16 anos.

 

"Profunda preocupação" é o termo utilizado pelo comissário europeu para os Assuntos Económicos, Joaquín Almunia, para caracterizar a situação. E a porta-voz da Comissão Europeia, Amélia Torres, saiu a terreiro para defender que é fundamental evitar-se entrar numa espiral de subidas de preços e salários que iria dinamitar o crescimento económico.

 

As razões para este clima de grande ansiedade são reais. Mais inflação significa que o Banco Central Europeu terá de subir as suas taxas de referência e isso penaliza as famílias que recorrem ao crédito para adquirir uma habitação e as empresas que pretendem investir, mas vêem o preço do dinheiro bem mais caro.

 

Menor liquidez no mercado imobiliário e mais dificuldades para as empresas investirem prenunciam mais obstáculos à retoma económica que a Europa tanto persegue. E aí se entendem as declarações do presidente do Governo espanhol, que reivindica maior flexibilidade da parte do BCE - que tem como principal missão velar para que a inflação não ultrapasse os dois por cento.

 

José Luis Zapatero teme, justamente, que novas subidas das taxas de referência do banco central minem os esforços de relançamento económico, particularmente em Espanha, onde há uma evidente desaceleração da actividade produtiva e, em particular, do mercado imobiliário, que sustentou níveis de desenvolvimento muito relevantes nos últimos anos.

 

A tese de Zapatero tem sentido. O líder espanhol diz que este andamento da inflação não tem a ver com um aumento da procura e do consumo, é antes reflexo da escalada do preço do petróleo e dos bens alimentares. E que, neste quadro, subir as taxas de juros e apertar o crédito não irá atacar os males de que padecem os preços. J.M.