Metade dos doentes prioritários esperam mais de 120
dias por tratamento
Ano e meio para dar resposta a 20 mil pessoas
Para que o Ministério da Saúde cumpra os objectivos
fixados, até ao final de 2009 o programa das listas
de espera para cirurgias terá de dar resposta a 20
mil doentes não prioritários que esperam por uma
cirurgia há mais de 12 meses. Terá de se conseguir
que, pelo menos, as sete situações prioritárias
(cirurgia maxilofacial, cirurgia vascular,
estomatologia, neurocirurgia, ortopedia,
otorrinolaringologia e urologia) diminuam os tempos
máximos de espera até 120 dias. Deverá ganhar-se 22
dias, em média, ao tempo máximo de espera para a
cirurgia dos tumores malignos.
Actualmente, 52 por cento dos doentes considerados
prioritários para uma intervenção cirúrgica aguardam
mais de 120 dias por tratamento.
Quanto às metas para 2007, verificou-se que,
relativamente à doença oncológica e à doença
cardiotorácica, os hospitais da Administração
Regional de Saúde do Centro foram os que mais se
aproximaram das prioridades fixadas. O relatório
considera que "a espera cirúrgica teve nos últimos
anos uma evolução francamente favorável", tanto que
os investigadores dizem que vão passar a dar mais
atenção à espera para consultas externas
hospitalares.
Unidose e risco de falsificação
As primeiras farmácias hospitalares a abrir ao
público, previstas para este ano, irão poder vender
medicamentos em unidose - isto, é a dispensa pode
ser feita avulso consoante as necessidades de
tratamento do doente e não em embalagens tipo. O
relatório do Observatório Português dos Sistemas de
Saúde alerta para a necessidade de esta dispensa
continuar a ser acompanhada por folheto informativo,
independentemente da quantidade dispensada.
O documento alerta ainda para o risco de
falsificação de medicamentos associados à unidose.
Quanto às vantagens esperadas desta medida,
"supostamente centradas na redução de desperdícios,
importaria qualificá-las em estudos sólidos em bem
desenhados", sublinha-se. O documento acrescenta
ainda que seria útil comparar os benefícios desta
medida com "outras causas reais de desperdício": a
falta de adesão à terapêutica e seus motivos, a
prescrição inadequada e a falta de apoio no uso do
medicamento e no controlo de eventuais efeitos
adversos, enuncia o relatório.
Poucos enfermeiros
Apesar de o desemprego ser um dos problemas que
preocupam a classe de enfermagem - a oferta actual
de licenciados é maior do que a procura -, Portugal
não tem excesso de enfermeiros.
Pelo contrário, os números referidos no relatório
apontam para um dos mais baixos valores na relação
entre estes profissionais e a população:
contabilizando enfermeiros e parteiras (que em
Portugal também são enfermeiros) diz-se que no país
há 47 destes profissionais por 10 mil habitantes, um
valor que na lista da União a 27 só é inferior na
Bulgária (46), na Roménia (42), em Chipre (40) e na
Grécia (36). No período em análise (2000-2006),
Portugal tinha o quinto pior registo dos países da
União Europeia, o que significa que permanece ainda
muito afastado da melhor cobertura, atingida na
Holanda (146).
Quanto ao número de médicos por habitante este tem
vindo a aumentar, embora continue muito afastado -
34 por 10 mil habitantes - do valor mais elevado da
União Europeia detido por Chipre (333) e seguido
pela Grécia (50). Portugal está assim afastado da
média, o que se reflecte depois num rácio de
enfermeiros/parteiras e médicos relativamente baixo:
o terceiro pior valor da União.
Quanto ao rácio do número de camas de hospital por
10 mil habitantes, Portugal apresenta um valor
igualmente baixo face aos restantes países da União
Europeia: 37 camas por 10 mil habitantes, só acima
de Espanha (34) e bastante longe da Alemanha (83). O
relatório explica que este valor português pode ser
parcialmente explicado pelo aumento dos cuidados de
saúde prestados sem recurso ao internamento.