Há 18 mil idosos em lista de espera para entrar
num lar
O envelhecimento da população e o insuficiente
investimento em lares estão a deixar milhares de
idosos e famílias sem resposta para necessidades,
que, por vezes, são urgentes. Em lista de espera
para conseguir lugar num lar estão 18 mil pessoas,
disse ao DN o presidente da Confederação Nacional
das Instituições de Solidariedade (CNI), o padre
Lino Maia.
Aqueles números, de finais de 2006, dizem apenas
respeito ao universo dos estabelecimentos geridos
pelas instituições particulares de solidariedade
social (IPSS), que representam a fatia de leão da
rede de serviços a idosos. E se é verdade que - como
lembra Lino Maia - "é de admitir a hipótese de
algumas pessoas estarem inscritas em mais do que uma
instituição", também não é menos verdade que neste
momento esse universo poderá já ter crescido, para
além de que existem inscrições noutros
estabelecimentos que escapam a esta contabilidade.
De acordo com dados do Instituto Nacional de
Estatística, a população com mais de 65 anos já
representava 17,1% da população em 2005, prevendo-se
que em 2025, este grupo possa corresponder a mais de
20% da população. Mas o investimento em novos
equipamentos para atender às necessidades deste
segmento da população está longe de acompanhar a sua
progressão. As estatísticas da Segurança Social
identificavam 949 lares em 1998, com protocolos com
o Estado. Ao longo da última década só abriram mais
251 estabelecimentos, o que perfaz um total de 1200
lares actualmente, que servem apenas 43 mil utentes.
E nem as recentes ofertas oriundas do sector privado
são suficientes para suprir as necessidades, uma vez
que servem actualmente um universo de apenas oito
mil utentes, de acordo com informações fornecidas
pela CNI. E a preços fora de alcance para a larga
maioria dos idosos portugueses, com pensões médias
da ordem dos 300 euros.
A carência de serviços de apoio à terceira idade é
ainda mais preocupante, se atendermos à tendência
para o adiamento da idade de reforma. Com a
actividade a estender-se até aos 67 anos ou mais - e
as reformas antecipadas fortemente penalizadas -,
cuidar dos pais será uma tarefa cada vez mais
dificultada. E se até aqui muitos decidiam antecipar
a aposentação para cuidar dos pais, essa opção terá,
no futuro, custos agravados.
Outra dimensão do problema reside na consequência da
redução do número de filhos por família, ou mesmo na
ausência de descendência. A prazo, tal significa que
haverá menos filhos para cuidar dos pais ou não
existirão sequer. De acordo com projecções do
Eurostat, 44% dos europeus com mais de 80 anos
estarão a viver sozinhos em 2010. Projecções que,
somadas à crescente taxa de emprego das mulheres -
que reduz a sua disponibilidade - , tornam evidente
a necessidade de avultados investimentos públicos e
privados para acorrer à necessidades de milhões de
idosos.
No Reino Unido estima-se que seis milhões de pessoas
cuidem de familiares dependentes, poupando à
economia 83 mil milhões de euros, o equivalente a um
segundo serviço nacional de saúde.
Em Portugal, o Governo avançou em finais de 2006 com
um programa de reforço dos equipamentos de apoio à
infância e terceira idade. A taxa de cobertura de
idosos por lares é de apenas 8,2%. Até 2009, o
Governo estima aumentá-la em 10%, o mesmo
acontecendo para os centros de dia e para os
serviços de apoio domiciliário.