Afinal, o Processo de Bolonha pode vir a ser um
enorme equívoco. A ideia era arranjar mais emprego
para os formados, mas a realidade pode vir a ser bem
diferente.
O processo de Bolonha ameaça transformar-se num
equívoco. Feito para garantir maior
“empregabilidade” aos jovens corre o risco de, em
português, se resumir a uma gigantesca fraude.
Nos dados do Eurostat subirá em flecha a percentagem
de população licenciada mas - em rigor - teremos
apenas, e tão só, mais bacharéis. Mesmo esses não é
seguro que não saiam das universidades a saber ainda
menos do que os actuais…bacharéis.
As declarações do presidente do Conselho de Reitores
ao "Diga Lá, Excelência" desta semana provam a
gravidade da situação. E contêm uma acusação
gravíssima ao actual ministro.
Diz Seabra Santos que as universidades se bateram
para que ao primeiro ciclo de estudos não se
chamasse “licenciatura”, mas o poder político não
aceitou a sugestão e preferiu a designação que
afinal - se prova agora - será genericamente uma
“mentira”.
Um dado ainda mais grave quanto se sabe do interesse
orçamental da generalização do sistema “3 +2” (três
anos de licenciatura e dois de mestrado).
Isto porque quem quiser tirar mestrados vai ter de
os pagar do seu bolso e a bom preço. Ou seja, os
mais pobres continuarão a só pagar as actuais
propinas e ficarão “licenciados” e mal... enquanto
os mais ricos sairão mestres com a sabedoria paga a
peso de ouro mas resumida à da vulgar licenciatura.
E que dizer das universidades cúmplices? Que de
pouco lhes resta clamar agora, tarde e a más horas,
contra a perda de autonomia porque quando a podiam
exercer foram as primeiras a pactuar com a
governamentalização.
No engodo da caça às receitas próprias, na luta
feroz pela sobrevivência no pactuar com todos os
facilitismos, foram as primeiras a esquecer o
interesse dos alunos.
De cedência em cedência acabaram na perda do
prestígio final. Agora já pode ser tarde para o
recuperar.