Rádio Renascença  - 04 Jul 07

 

Fraude à "Bolonhesa"
Graça Franco


Afinal, o Processo de Bolonha pode vir a ser um enorme equívoco. A ideia era arranjar mais emprego para os formados, mas a realidade pode vir a ser bem diferente.

O processo de Bolonha ameaça transformar-se num equívoco. Feito para garantir maior “empregabilidade” aos jovens corre o risco de, em português, se resumir a uma gigantesca fraude.

Nos dados do Eurostat subirá em flecha a percentagem de população licenciada mas - em rigor - teremos apenas, e tão só, mais bacharéis. Mesmo esses não é seguro que não saiam das universidades a saber ainda menos do que os actuais…bacharéis.

As declarações do presidente do Conselho de Reitores ao "Diga Lá, Excelência" desta semana provam a gravidade da situação. E contêm uma acusação gravíssima ao actual ministro.

Diz Seabra Santos que as universidades se bateram para que ao primeiro ciclo de estudos não se chamasse “licenciatura”, mas o poder político não aceitou a sugestão e preferiu a designação que afinal - se prova agora - será genericamente uma “mentira”.

Um dado ainda mais grave quanto se sabe do interesse orçamental da generalização do sistema “3 +2” (três anos de licenciatura e dois de mestrado).

Isto porque quem quiser tirar mestrados vai ter de os pagar do seu bolso e a bom preço. Ou seja, os mais pobres continuarão a só pagar as actuais propinas e ficarão “licenciados” e mal... enquanto os mais ricos sairão mestres com a sabedoria paga a peso de ouro mas resumida à da vulgar licenciatura.

E que dizer das universidades cúmplices? Que de pouco lhes resta clamar agora, tarde e a más horas, contra a perda de autonomia porque quando a podiam exercer foram as primeiras a pactuar com a governamentalização.

No engodo da caça às receitas próprias, na luta feroz pela sobrevivência no pactuar com todos os facilitismos, foram as primeiras a esquecer o interesse dos alunos.
De cedência em cedência acabaram na perda do prestígio final. Agora já pode ser tarde para o recuperar.