LUSA  - 03 Jul 07

 

Espanha: PM promete 2.500 euros por cada novo filho

O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou hoje que cada família com residência legal em Espanha receberá, a partir de hoje, 2.500 euros por cada novo filho.

No discurso inicial do Debate do Estado da Nação, Zapatero anunciou ainda a universalização da educação infantil, dos zero aos três anos, como medidas para fomentar a natalidade.

"Para continuar a progredir, Espanha necessita de mais famílias e com mais filhos. E as famílias necessitam de mais apoio para ter esses filhos e mais recursos para os criar. Porque o avanço de Espanha é uma tarefa de todos", disse no parlamento em Madrid.

O anúncio, feito num discurso em que deu conta das principais políticas adoptadas durante o seu executivo, foi recebido com algum rebuliço na bancada do Partido Popular (PP, oposição), que tinha apresentado uma medida idêntica nas propostas eleitorais em 2004.

"Esperava que o PP, que é um partido que defende as famílias, se sentisse reconfortado com esta medida que representa um grande esforço para os cofres públicos", comentou Zapatero, dirigindo-se à oposição.

O primeiro-ministro espanhol destacou, entre outras medidas do governo, a "vontade de ampliar os direitos dos cidadãos e de instalar os melhores instrumentos para a sua protecção e tutela efectiva".

Como exemplo citou a lei dos casamentos homossexuais, a reforma da lei do divórcio, a regulação das adopções internacionais, o reconhecimento da nacionalidade espanhola dos filhos e netos dos espanhóis e a reforma das leis do Menor e da Dependência.

Referindo-se à situação económica, Zapatero antecipou que Espanha alcançará o "pleno emprego" na próxima legislatura, de forma "definitiva" e "não a qualquer preço".

O primeiro-ministro disse que esta será a principal preocupação do governo e que este objectivo se alcançará com uma maior estabilidade e uma redução do emprego temporário, até se situar abaixo dos 25 por cento da força laboral em 2012.

Para isso, Zapatero disse querer contar com o apoio dos parceiros sociais, que convocou para lhes apresentar medidas necessárias para novos aumentos do salário mínimo e das pensões.

Notando que hoje há menos 400 mil desempregados que no início da legislatura e que a população laboral feminina ultrapassou pela primeira vez os oito milhões, Zapatero, disse esperar que a taxa de desemprego se situe "claramente abaixo dos 08 por cento em relativamente pouco tempo".

O chefe do governo espanhol referiu-se ainda à Lei de Igualdade e à nova disciplina de Educação para a Cidadania e Direitos Humanos que o executivo quer introduzir como obrigatória em todas as escolas públicas e que Zapatero afirmou ser "imprescindível".

"Os valores e o respeito pelas regras de convivência conformam-se e fortalecem-se com o exemplo dos pais, mas ensinam-se, debatem-se e exercitam-se na escola. Se a família é decisiva para a socialização, a escola é-o para a cidadania", disse.

A disciplina tem sido amplamente contestada pelos sectores mais conservadores espanhóis, liderados pela Igreja católica.

Noutro âmbito, Zapatero destacou que no último ano foi a primeira vez que chegaram a Espanha mais imigrantes legais que ilegais.

"Esta imigração aumenta a nossa capacidade produtiva, fomenta a criação de postos de trabalho, aumenta as taxas de actividade, trava o envelhecimento da população e representa cotizações de oito mil milhões de euros", frisou.