O presidente da Associação dos Hotéis e
Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) apelou
hoje às autoridades competentes que actuem nas
situações em que as crianças sejam impedidas de
frequentar unidades hoteleiras. A notícia é avançada
pela Agência Lusa.
«Se há uma lei para aplicar, as autoridades que
apliquem a lei», disse Elidérico Viegas, lamentando
que a notícia de uma unidade hoteleira que não
cumpre a legislação quanto à aceitação de crianças
possa «manchar a imagem da região» ou ser
aproveitada para isso pelos destinos turísticos
concorrentes.
O responsável reagia a uma notícia da Lusa, no
sábado, sobre a queixa de Isabel Carneiro, que se
deparou com a proibição de entrada de crianças
quando se preparava para efectuar a reserva numa
quinta de turismo rural situada perto de Tavira.
«Quando disse que eram três pessoas, dois adultos
e uma criança, responderam que não aceitam
crianças», contou a queixosa à Lusa.
A atitude seria depois justificada à cliente, que
acabou por desistir das férias, com uma decisão da
gerência após ter recebido reclamações contra o
barulho provocado por crianças.
Um responsável da Associação de Defesa dos
Consumidores Deco, Luís Pisco, referiu sábado que o
Algarve é a região do País em que mais acontecem
aqueles casos, que considerou ilegais e «uma
violação dos mais elementares direitos
constitucionais das crianças».
Em declarações à Lusa, Elidérico Viegas garantiu
que, em todo o Algarve, apenas tem conhecimento de
um caso em que isso acontece - a unidade de turismo
rural Quinta da Lua, em Tavira - e lamentou que a
Deco tenha «tomado a árvore pela floresta» ao
revelar a existência de vários casos, que não
especificou.
«O Algarve tem-se afirmado como um destino de
famílias e temos feito um enorme esforço para
cativar o segmento das famílias», disse o
responsável pela principal associação hoteleira
algarvia.
Por seu turno, o presidente da Região de Turismo
do Algarve (RTA) acusou a DECO de «prestar um mau
serviço» ao Algarve e de «grave falta à verdade» ao
relatar a existência de vários hotéis que não
aceitam crianças na região.
«Tanto quanto se sabe, e é relatado pelas
próprias notícias, há um único caso em que isso
acontece, numa unidade hoteleira rural de seis
camas, pelo que é falso falar de vários casos»,
disse Hélder Martins à agência Lusa.
Hélder Martins asseverou que o Algarve «é um
destino de famílias» e não se pode prejudicar uma
região «a partir de um único caso isolado».
Entretanto, um dos proprietários da Quinta da
Lua, Miguel Martins, garantiu à Lusa que nunca
impediu a entrada de crianças naquele espaço rural,
embora costume avisar os pais «que não se trata de
um espaço adequado» para elas.
«Avisamos os clientes que a quinta não é o espaço
ideal para crianças, não temos baloiços, é um sítio
calmo adequado a pessoas que optaram pela
tranquilidade para passar uns dias», disse.
Num primeiro contacto da Lusa, o responsável
recusou comentar a situação sem saber o nome da
queixosa.
De acordo com o co-proprietário (o sócio é um
cidadão holandês) da quinta fundada em 2001 nos
arredores de Tavira, já houve situações em que
recebeu reclamações de clientes por causa do barulho
feito pelas crianças e houve necessidade de chamar a
atenção dos pais.
Contudo, asseverou que todos os anos recebe
várias crianças, desde que os pais se disponibilizem
para pagar um quarto para elas.
«O problema é que muitos pais não querem pagar
pelos filhos e esperam que ponhamos camas extra nos
quartos, o que não fazemos a não ser que sejam
bebés, porque temos um berço», disse, frisando que,
caso os clientes o requeiram, não levantam quaisquer
obstáculos ao aluguer de mais um quarto para as
crianças.
Miguel Martins considerou «irónico» que, há dois
anos atrás, a revista da Caixa Geral de Depósitos
tenha feito uma reportagem sobre a Quinta da Lua com
o título «Fim-de-semana com os Filhos».