Diário de Notícias - 13 Jul 05

 

Horários de professores de matemática mudam

elsa costa e silva

 

proposta. O ministério quer agora analisar pormenorizadamente os resultados dos exames nacionais

 

O Ministério da Educação quer reorganizar a componente não lectiva - fora das aulas - dos professores de matemática. O objectivo é transformar parte do horário em estudo acompanhado e apoio aos alunos. Uma medida que a tutela está a considerar como resposta aos maus resultados dos alunos nos exames nacionais do 9.º ano e que vai obrigar os docentes a ficar mais tempo com os estudantes nas respectivas escola.

O ministério espera agora por uma análise pormenorizada dos resultados dos exame nacionais para implementar a medida. Certo é que existem condições para fazer "uma seriação escola a escola", um trabalho que vai ser realizado em Agosto por um grupo de especialistas, em vários parâmetros. Não há qualquer objectivo de elaborar um ranking, adiantou fonte do gabinete da ministra ao DN, mas sim avaliar, por exemplo, se "a diferença entre as notas de frequência e de exames é regular em todo o país ou específica de algumas escolas".

Esta análise poderá servir de base para justificar a alteração dos horários dos professores, assim como para "fundamentar outras medidas de intervenção". De acordo com o gabinete de Maria de Lurdes Rodrigues, trata-se de "redireccionar os créditos dos horários docentes e dar uma nova utilidade à componente não lectiva, sem pôr em causa o trabalho individual de preparação das aulas ou correcção de testes". Normalmente, um professor tem um horário de 35 horas, 22 das quais de componente lectiva (com aulas) e presencial na escola.

Ontem, a ministra da Educação admitiu que existem "problemas de condições de ensino e de aprendizagem da matemática". A disciplina está novamente sob fogo cruzado, agora que os resultados dos exames nacionais mostram que 70% dos alunos não domina as competências mínimas exigidas no 9º ano de escolaridade.

Também a presidente da Associação de Professores de Matemática, Isabel Rocha, concorda que é preciso aumentar o tempo de apoio aos estudantes. Questionando quantos resultados negativos nos exames pertencem a alunos com percursos escolares abaixo do razoável a matemática, defende que "muitos precisariam de mais apoio e a escola tem que fazer mais". Muitas crianças podem ser tentadas a desistir da disciplina desde cedo, mas "a instituição tem de contrariar esta tendência".

formação. Recorde-se que o Governo anunciou já um programa de formação contínua, especificamente dirigido à disciplina de matemática, para professores do 3.º e 4.º anos do ensino básico. Esta medida, que vai ser implementada com recurso a colaborações com as escolas superiores de educação, tem lugar já no próximo ano para metade dos professores do primeiro ciclo, um nível de ensino que Maria de Lurdes Rodrigues considerou ontem estar "abandonado há anos".

 

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