Diário de Notícias - 1
3 Jul 05
Horários de professores de matemática
mudam
elsa costa e silva
proposta. O ministério quer
agora analisar pormenorizadamente os resultados dos exames nacionais
O Ministério
da Educação quer reorganizar a componente não lectiva - fora das aulas -
dos professores de matemática. O objectivo é transformar parte do
horário em estudo acompanhado e apoio aos alunos. Uma medida que a
tutela está a considerar como resposta aos maus resultados dos alunos
nos exames nacionais do 9.º ano e que vai obrigar os docentes a ficar
mais tempo com os estudantes nas respectivas escola.
O ministério espera agora por uma análise pormenorizada dos resultados
dos exame nacionais para implementar a medida. Certo é que existem
condições para fazer "uma seriação escola a escola", um trabalho que vai
ser realizado em Agosto por um grupo de especialistas, em vários
parâmetros. Não há qualquer objectivo de elaborar um ranking,
adiantou fonte do gabinete da ministra ao DN, mas sim avaliar, por
exemplo, se "a diferença entre as notas de frequência e de exames é
regular em todo o país ou específica de algumas escolas".
Esta análise poderá servir de base para justificar a alteração dos
horários dos professores, assim como para "fundamentar outras medidas de
intervenção". De acordo com o gabinete de Maria de Lurdes Rodrigues,
trata-se de "redireccionar os créditos dos horários docentes e dar uma
nova utilidade à componente não lectiva, sem pôr em causa o trabalho
individual de preparação das aulas ou correcção de testes". Normalmente,
um professor tem um horário de 35 horas, 22 das quais de componente
lectiva (com aulas) e presencial na escola.
Ontem, a ministra da Educação admitiu que existem "problemas de
condições de ensino e de aprendizagem da matemática". A disciplina está
novamente sob fogo cruzado, agora que os resultados dos exames nacionais
mostram que 70% dos alunos não domina as competências mínimas exigidas
no 9º ano de escolaridade.
Também a presidente da Associação de Professores de Matemática, Isabel
Rocha, concorda que é preciso aumentar o tempo de apoio aos estudantes.
Questionando quantos resultados negativos nos exames pertencem a alunos
com percursos escolares abaixo do razoável a matemática, defende que
"muitos precisariam de mais apoio e a escola tem que fazer mais". Muitas
crianças podem ser tentadas a desistir da disciplina desde cedo, mas "a
instituição tem de contrariar esta tendência".
formação. Recorde-se que o Governo anunciou já um programa de
formação contínua, especificamente dirigido à disciplina de matemática,
para professores do 3.º e 4.º anos do ensino básico. Esta medida, que
vai ser implementada com recurso a colaborações com as escolas
superiores de educação, tem lugar já no próximo ano para metade dos
professores do primeiro ciclo, um nível de ensino que Maria de Lurdes
Rodrigues considerou ontem estar "abandonado há anos".