Carlos Aguiar Gomes - 4 Jul 05

 

Nótulas soltas da minha agenda

 

1.      Uma “última aula” que me havia sido pedida pelos meus colegas de grupo de docência, transformou-se em algo perfeitamente inesperado e… totalmente imerecido. Pertencer a um grupo, de docentes altamente qualificados, motivados e empenhados é uma honra e um prazer. Além disso, o ambiente que se respira naquele é de boa disposição e franca amizade. Um exemplo notável. Mas fica-me a certeza de que não mereci o que me foi feito! E, no final de contas, há tantos docentes muito mais merecedores do reconhecimento dos colegas a quem e de quem nada se diz!... Nem a escola (as escolas) agradece o trabalho, a competência e a disponibilidade que evidenciaram ao longo da sua carreira.     Dá-me desconforto ser tratado daquela forma, apesar de ficar imensamente agradecido e reconhecido aos meus caríssimos colegas. Devo uma palavra de agradecimento em particular à minha Mulher, minha colega, que discretamente deu suporte ao meu grupo e, que, muito mais do que eu, é uma profissional dedicada e competente. 

 

2.      Ando preocupadíssimo com a situação grave do desemprego crescente. Como me dói aquelas 800 pessoas da Lear (Póvoa de Lanhoso) que vão para o desemprego. Que se pode fazer face a esta situação complicada? Creio que todos deveríamos fazer uma reflexão serena e séria, fora do âmbito partidário, sobre este gravoso problema. Há famílias em grande sofrimento. 

 

3.      A Conferencia Episcopal Portuguesa acaba de divulgar um bom instrumento de trabalho sobre a Educação Sexual.

Que se vai fazer com ele?

Que divulgação junto de pais e professores vai ser feita?

Faço votos para que não caia no esquecimento. 

 

4.      Pedro Strech, pedopsiquiatra bem conhecido de todos quer pelo trabalho que desenvolve na área da sua especialidade quer dos livros que tem publicado e que são best-sellers quer, finalmente pelas suas tomadas de posição públicas face a inúmeras situações que se prendem com as crianças. Pedro Strech é, de facto, hoje e em Portugal, uma autoridade no âmbito da saúde mental das crianças. Por isso, leio-o sempre com muito interesse. No “Público” do passado dia 26 de Maio, a propósito do escândalo da chamada educação sexual promovida pela APF em algumas escolas, Pedro Strech publicou um artigo com o título com que encimo este meu – Um Caso Sério. Espero que muitos cidadãos o tenham lido. E tenham divulgado o mesmo. Tenho uma leve esperança que os decisores políticos, sobretudo aqueles que agora detêm o poder na área da Educação, lhe tenham dedicado a atenção que o mesmo merece. De facto, a educação é um assunto seriíssimo. Do que ela for depende o que serão os homens e mulheres de amanhã. Obviamente que a educação inclui a educação sexual e que esta não pode ser ministrada e entendida fora de um contexto global propiciador de um desenvolvimento harmonioso de cada pessoa humana. Não faz sentido nenhum falar em relações sexuais, casamento, homossexualidade e de outros conceitos fora da educação moral, cívica ou espiritual. Evidentemente que é fundamental ensinar os aspectos biológicos da sexualidade. Sem isso, a educação sexual ficaria truncada ou, até, incompreensível. Mas, como educar sem as dimensões éticas, morais e cívicas que a educação exige? Como educar alguém sem ser ajudado a conhecer-se, a respeitar-se, a conhecer o outro e a respeitá-lo? Como se pode educar para a alteridade sem pautarmos o processo pedagógico por valores?

De facto, a educação sexual é um caso sério! “… sério de mais para ser tratado de forma banal, crua, desadequada, patética mesmo…”. E estará a ser “tratada” como tal, seriamente?

Seja permitida a sugestão de leitura, para quem ainda não o fez, do citado artigo de Pedro Strech.

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