Público - 2 Jul 03

Raparigas Têm Melhores Desempenhos e Mais Expectativas na Escola
Por BÁRBARA WONG

Aparentemente, ser rapaz ou rapariga determina mesmo o gosto pelas ciências exactas ou humanas. As raparigas apresentam melhores resultados nos testes de leitura, enquanto os rapazes são melhores a Matemática, confirma o último estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O trabalho, ontem divulgado, foi feito em conjunto com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), com base nos dados actualizados do Programa para a Avaliação Internacional dos Estudantes (PISA).

O PISA decorreu em 2000 e tinha como objectivo conhecer as competências em literacia, numeracia e em ciência dos jovens com 15 anos dos vários estados, fossem ou não da OCDE. Três anos depois, houve cinco novos países que integraram o relatório - Eslováquia, Turquia, China, Tunísia, Uruguai. Esta entrada fez aumentar o número de participantes para 43 (18 dos quais não pertencem à OCDE) e trouxe algumas novidades sobre dados já conhecidos. O estudo, que foi ontem apresentado em Londres, traça "As Capacidades de Literacia para o Mundo de Amanhã".

Em todos os países, as miúdas obtêm melhores resultados nos testes de literacia. Em média, há 32 pontos de diferença em relação aos rapazes. As disparidades entre sexos é significativa em todos os estados, excepto no Peru e em Israel, onde elas têm apenas sete e 16 pontos de diferença em relação a eles. O desempenho feminino é substancialmente superior na Albânia, Letónia e Finlândia, com as raparigas a distanciar-se dos rapazes em 50 pontos.

Elas também lêem mais do que eles: metade (49 por cento) das raparigas gastam cerca de meia hora diária com a leitura, quando apenas 27 por cento dos rapazes também o fazem. Elas lêem mais livros de ficção e revistas, eles preferem os jornais e a banda desenhada.

A excepção da Albânia

Segundo os autores do estudo, os baixos desempenhos obtidos pelos rapazes nesta área significam que a maioria dos sistemas educativos ainda não conseguiram envolver os estudantes nas actividades de leitura.

Os sistemas também têm falhado com o sexo feminino, pois as miúdas continuam a preterir a Matemática. Aqui, os rapazes destacam-se, embora a diferença não seja tão significativa como na literacia. É que eles estão acima, em média, apenas 11 pontos. Os brasileiros e os austríacos são os que obtêm os melhores resultados, com 27 pontos de diferença. Em apenas um país - a Albânia - é que elas ficam melhor do que eles, com 18 pontos de diferença.

Quanto à ciência, as diferenças não são significativas. Mais uma vez, destacam-se as albanesas, com melhores desempenhos do que os dos seus colegas, mas desta vez têm a companhia das lituanas. Do lado dos rapazes, sobressaem os coreanos, com 19 pontos de distância das suas compatriotas.

O relatório demonstra ainda que cada vez mais mulheres chegam ao ensino superior e têm aspirações a ter os chamados empregos de "colarinho branco" - expectativas que estimulam o seu desempenho escolar. As raparigas têm maiores probabilidades de frequentar e concluir o ensino superior do que há 30 anos: em 17 de 30 países da OCDE a percentagem de mulheres na universidade já iguala ou supera a de homens.

Os autores congratulam-se com estes números, uma vez que estes significam que os países têm feito um "enorme esforço" para combater as desigualdades entre os géneros.

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