Público - 20 Jul 03

Sete em Cada Dez Alunos Já Fizeram Amigos ao Computador

Estudo em escolas de Lisboa e Coimbra

Navegam sozinhos, o número de horas que querem, entram em "chats", fazem amigos. O investigador José Carlos Abrantes coordenou um estudo internacional intitulado "Os Jovens e a Internet", divulgado no ano passado. Cerca de 400 jovens portugueses entre os 13 e os 17 anos de idade, de escolas de Lisboa e Coimbra, foram inquiridos. Vale a pena recordar alguns resultados: muitos pais (mais de 40 por cento) não procuram saber o que é que os filhos fazem durante as suas navegações. A maioria não interfere minimamente com o tempo que os filhos passam à frente do ecrã.

Mais de oito em cada dez alunos navegam sozinhos no mundo virtual, apesar de ser em casa que a esmagadora maioria utiliza a rede, ainda de acordo com o mesmo estudo. Comunicar com outras pessoas através da Net é a segunda tarefa preferida dos jovens cibernautas, só ultrapassada pela consulta de "sites" ligados às artes e aos espectáculos. E comunicar significa fazer amigos novos: sete em cada dez inquiridos dizem já ter feito amigos através da Internet.

"Quando questionados acerca da origem dos amigos 'on line', muitos referiam que tinham conhecido essencialmente pessoas a residir em Portugal e a maior parte de zonas próximas da região onde moram", lê-se neste estudo. Daí que não seja de estranhar que haja alunos que refiram terem conhecido pessoas da própria escola graças à Internet.

As respostas dos miúdos dão que pensar, quando outros estudos nacionais já confirmaram que a maioria dos adolescentes usa a Net nos tempos livres. "Este não é só um problema das famílias que, claro, deviam acompanhar mais os filhos. Mas é um problema também do Ministério da Educação, dos professores, por exemplo. O ministério pensa na escola como o espaço que educa os alunos, mas há outros meios - a televisão, a Internet - e o que verifiquei neste trabalho é que muitos professores não dominam estes temas", diz Carlos Abrantes, investigador do Centro de Investigação Media e Jornalismo.

Carlos Abrantes defende que para além de educar para os "media", é preciso que se faça um debate sobre estas questões, como o que está a acontecer no Reino Unido, onde se pondera criminalizar adultos que usem a Net para marcar encontros com menores. "Acho bem que se criminalize, mas isso, só, não é suficiente", defende.

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