Público - 3 Jul 03
Uso Compulsivo da Internet É Uma Doença das Sociedades Modernas
Por PÚBLICO/LUSA
O uso compulsivo da Internet é uma doença das sociedades modernas que pode
requerer tratamento psiquiátrico e psicológico, concluiu um estudo espanhol
sobre dependência motivada pela rede. Os responsáveis pela investigação - a
psiquiatra Lourdes Estévez e o director-geral do Observatório de
Telecomunicações, Borja Adsuara - apresentaram na terça-feira as suas
conclusões, num encontro com a imprensa em Madrid.
Para aqueles especialistas, é possível falar de uma síndroma de dependência de
Internet (IAD) "muito semelhante à causada pelo álcool, drogas ou o jogo
patológico". As características de um viciado em Internet são, segundo o estudo,
tempos de ligação à rede anormalmente altos, isolamento do ambiente circundante
e desatenção às obrigações laborais, académicas e à vida social.
O estudo revela ainda que a utilização da Internet por parte de homens e
mulheres é semelhante, tanto ao nível dos conteúdos, como em tempo de ligação.
A investigação admite, contudo, que o uso compulsivo da rede terá mais a ver com
factores pessoais do que com a possível capacidade de dependência característica
de cada um dos serviços consultados.
O estudo também indica que cerca de metade dos internautas não faz um uso
correcto da rede, enquanto 10 por cento sofre de dependência. Segundo dados
obtidos através de uma sondagem "on line", 10,5 por cento dos indivíduos da
amostra estudada são viciados na Internet, ao passo que 39 por cento se encontra
em situação "de risco". Das pessoas que responderam à sondagem 50,5 por
cento fazem um uso "sem problemas" dos serviços de Internet.
Os psiquiatras responsáveis pelo estudo advertiram que a amostra "não deve ser
extrapolada a todo o conjunto de internautas", já que as pessoas que responderam
contactaram voluntariamente a página
www.adictosainternet.com, na qual se encontra a sondagem e à qual
provavelmente irão pessoas que acreditam ter um problema, aspecto que poderá
alterar os resultados.
Aos visitantes da página deparou-se-lhes um inquérito a três tempos, em que se
pretende, antes de mais, perceber se há algum tipo de relacionamento menos
saudável com a Internet. Ao cabo das dez perguntas, se houver mais de três
respostas afirmativas, o internauta entra no campo da situação "de risco". Mais
de seis "sim" e estamos perante um caso de dependência. Os dois questionários
seguintes visam a relação com os outros e a personalidade dos inquiridos.
Com base nos dados já obtidos, os investigadores adiantaram que o estudo pode
ser um ensaio prévio para uma análise global acerca deste fenómeno, com amostras
representativas do total dos internautas.

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