Os maus governos são aqueles que não resolvem os
problemas que o país tem, mas andam muito atarefados
a resolver problemas que o país não tem. Por cá,
nunca faltaram governos maus, mas ultimamente este
traço tem sido bastante saliente.
O caso da avaliação dos professores é bem evidente.
A educação anda mal há muito, mas uma das poucas
coisas que funcionava era o valor dos educadores.
Não tínhamos um problema de má qualidade dos
docentes. Mas, depois muito trabalho, o Ministério
parece agora quase conseguir resolver o problema da
contestação à avaliação dos professores, que nós não
tínhamos antes do Governo se lembrar disso.
Pode dizer-se que o TGV, novo aeroporto e obras
afins são também enormes sarilhos a que o país era
alheio até os políticos os terem criado. Isto para
não falar na corrupção, escândalos, burocracia,
revisão constitucional e conflitos partidários,
balbúrdias que foram inventadas pelo sistema que foi
criado só para nos tratar dos problemas.
Toda esta actividade não se justifica por falta de
dificuldades nacionais. Portugal tem muitos e graves
males que precisam de atenção, mas que não ocupam os
líderes. Sobre desemprego, pobreza, atraso
estrutural, erros na justiça, educação e saúde eles
pouco mais dizem que conversa mole e soluções vagas.
Entretanto, estão muito empenhados em tratar do
casamento dos homossexuais, como antes do aborto ou
da regionalização, temas em que nós até nem tínhamos
pensado antes de eles os terem imaginado, só para
fingirem conseguir resolver alguma coisa.