Dezenas de empresas comprometem-se a pagar na
data certa aos seus fornecedores Ana Rute Silva
Cerca de 70 empresas e organizações já se
comprometeram por escrito a cumprir os prazos de
pagamento a fornecedores. A iniciativa é da
Associação Cristã de Empresários e Gestores (Acege),
que em Agosto lançou o projecto Compromisso
Pagamento Pontual a Fornecedores.
stima-se que 75 por cento das empresas portuguesas
têm problemas com atrasos de pagamento. Dados do
Barómetro Eurofactor 2008 revelam que as micro,
pequenas e médias organizações da indústria nacional
demoram, em média, mais de três meses a receber o
que lhes é devido.
A Acege quer levar os gestores a cumprir o
"princípio básico do pagamento na data acordada" e,
para isso, dá visibilidade pública a esse
compromisso. No portal VER - Valores Ética e
Responsabilidade (www.ver.pt) estão divulgadas as
cartas de adesão, assinadas pelo respectivo
presidente, que se compromete a "dar instruções
claras e precisas para que os pagamentos sejam
efectuados" no tempo previsto.
O responsável da empresa promete "encontrar os meios
e o financiamento necessários para possibilitar esse
pagamento" e "solicitar a suspensão do compromisso"
sempre que não o possa cumprir. A ACEGE pode retirar
a empresa da lista das cumpridoras se duvidar da
credibilidade do participante.
"Com a adesão recente da CIP e da CAP são já
centenas as empresas", disse Nuno Fernandes Thomaz,
membro da direcção. "O atraso nos pagamentos é um
fenómeno cultural que se agrava com a crise",
continuou. A ACEGE critica a "cultura de
permissividade e falta de responsabilidade nas
obrigações assumidas" e aponta o mau exemplo do
Estado. "Tentou fazer um esforço de pagamento, mas
está muito longe de cumprir", acusou Nuno Fernandes
Thomaz, referindo-se ao programa de regularização
extraordinária de dívidas através do qual o Governo
e as autarquias se comprometem a pagar até Março
dívidas de 2,5 milhões de euros. Accenture, Bial,
Brisa, CGD ou Finagra são algumas das empresas que
já aderiram ao projecto.