Dívidas levam mais de 2 mil famílias a pedir
ajuda à Deco Paula Cordeiro
Auxílio. O número de pessoas sobreendividadas
continua a aumentar em Portugal. Em 2008, foram 2034
os processos iniciados pela Deco. O desemprego,
problemas de saúde e divórcio são as três principais
causas que levam as famílias a não cumprirem as suas
obrigações financeiras
Créditos em espiral estão na origem das dificuldades
O número de sobreendividados não pára de aumentar.
Em 2008, foram 2034 as famílias com dificuldades em
pagar os seus créditos à banca, que pediram ajuda à
Deco - Associação de Defesa do Consumidor.
De acordo com os dados do Gabinete de Apoio ao
Sobreendividado (GAS) daquela entidade, este número
corresponde a um aumento de cerca de 3% face ao
número de processos entrados no ano anterior.
Recorde-se que 2007 se tinha registado um valor
recorde, com os pedidos de auxílio a mais que
duplicar face a 2006. No total, desde 2000, ano em
que a Deco arrancou com estes gabinetes, já foram
abertos 7512 processos de sobreendividamento.
O desemprego continua a ser a principal causa na
origem das dificuldades económicas destas famílias,
com 53% do total dos processos entrados na Deco. Em
segundo lugar surgem os problemas de saúde (18%),
seguidos das alterações no agregado familiar (15%).
Tratam-se dos chamados três "D" identificados pelos
especialistas (desemprego, doença e divórcio) que
justificam mais de 80% dos casos de
sobreendividamento.
Uma outra causa que ganhou um certo relevo em 2008
foi o agravamento do custo de crédito, como
salientou ao DN Natália Nunes, jurista da Deco,
dando origem a 8% dos mais de dois mil processos
entrados.
De entre as famílias sobreendividadas apoiadas pelo
GAS, 60% possuíam entre três e dez créditos,
enquanto 35% estão a pagar um a dois créditos.
Existe ainda uma pequena percentagem de famílias
sobreendividadas (5%) com mais de dez empréstimos em
simultâneo. Estes dados mostram que o fenómeno do
multiendividamento ou endividamento em espiral
(contratação de novos créditos para pagar
empréstimos em atraso) estão na origem de muitas
dificuldades.
No que respeita ao rendimento auferido por estas
famílias em dificuldades, 30% recebem entre mil e
1500 euros mensais, enquanto 29% apresentam
rendimentos entre os 500 e os mil euros.
Apesar dos processos iniciados em 2008 terem
aumentado 3%, os pedidos de informação chegados à
Deco quase duplicaram face a 2007, atingindo os 8
758 pedidos.
Esta associação apenas ajuda, na negociação com os
bancos, consumidores que estejam de boa-fé e com
manifesta impossibilidade de fazer face ao conjunto
das suas dívidas não profissionais.