Famílias numerosas
acusam Sócrates de discriminar famílias formalmente
constituidas
Abono de família
A Associação
Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) acusou hoje
a política do governo de José Sócrates
de«irresponsável» e de«discriminar de forma
inconcebível as famílias formalmente constituídas»
A associação reagia
ao aumento de 20 por cento no abono de família para
as famílias monoparentais, que o executivo anunciou
quarta-feira no Parlamento, e em relação à qual a
APFN afirmou estar«totalmente contra».
Fernando Castro,
presidente da direcção da APFN, acusou o governo
de«promover um estado civil, discriminando os
outros».
«A medida foi
apresentada por um lado como incentivo à natalidade,
quando não o é, e por outro como combate à pobreza.
Nesse caso o apoio tem de ser dado em função do
rendimento per capita da família, nunca do estado
civil dos pais», declarou Fernando Castro.
No parlamento, José
Sócrates justificou a medida lembrando que as
estatísticas revelam que as famílias monoparentais«são
as que estão mais expostas ao risco de pobreza»,
enquanto que Vieira da Silva, ministro do Trabalho e
da Solidariedade Social, estimou haver mais de 100
mil crianças a viver apenas com um dos pais.
Para o responsável do
APFN,«de forma alguma» estas famílias correm maior
risco de pobreza:«há famílias monoparentais
riquíssimas, tal como famílias formalmente
contituídas pobríssimas».
«Há imensas
circunstâncias para uma família se expor à pobreza.
Qualquer critério para definir o apoio às famílias
que não seja o rendimento per capita é completamente
idiota - e neste caso é uma política contra as
famílias numerosas e contra as famílias formalmente
constituídas», continuou Fernando Castro.
O abono de família é
actualmente determinado em função da idade da
criança e do nível de rendimentos do agregado
familiar, sendo que com esta medida todas as
famílias monoparentais, independentemente do escalão
de rendimento, verão a prestação aumentar.
A APFN acusa o Estado
de se desresponsabilizar no apoio às família
formalmente constituídas, o que terá consequências
na natalidade, por um lado, mas também na
criminalidade.
Com este apoio às
famílias monoparentais, concluiu o responsável, o
Estado desresponsabiliza um dos progenitores, em vez
de se preocupar com que«ambos os pais assumam de
igual modo as suas responsabilidades perante os
filhos».