Portugueses são os mais pobres da Europa
ocidental
Estudo feito em 12 países pelo grupo Cetelem mostra
que o pessimismo invadiu Portugal
O rendimento médio por habitante em Portugal é o
menor da Europa Ocidental e o crescimento do
rendimento esperado é também o menor, afirmou ontem
Luciana Peres, directora de marketing da Cetelem,
empresa especializada em crédito ao consumo.
Em conferência de imprensa para apresentar o
Observador Cetelem, estudo realizado com base num
inquérito anual a 10 mil pessoas em 12 países
europeus, Luciana Peres afirmou que "os portugueses
são os mais pessimistas" dos 12 países considerados,
embora haja uma melhoria das expectativas para 2007.
A directora da Cetelem salientou que, "com a taxa de
inflação a aumentar mais do que os salários, o poder
de compra dos portugueses está em queda", mas,
apesar disso e do alto endividamento das famílias,
"a vontade de consumir é maior do que a de poupar".
Luciana Peres observou que as regiões de Lisboa e
Porto são as mais consumistas, enquanto no Algarve
se encontra uma maior propensão para poupar.
Conceição Caldeira, responsável pelo Observador em
Portugal, assinalou que a grande maioria dos
portugueses manifesta maior propensão para consumir
do que para poupar, mas quando se pergunta o que vai
de facto comprar em 2007, há uma tendência de
diminuição, com excepção da electrónica de consumo e
dos telemóveis. O estudo da Cetelem indica que a
compra de automóvel não é uma prioridade para os
portugueses em 2006 e 2007, prevendo uma recuperação
lenta que poderá levar as vendas de ligeiros de
passageiros para 230 mil unidades em 2010.
Embora as intenções de consumo na área do
lazer/viagens continuem no topo em Portugal, esta
rubrica apresenta uma clara tendência de queda em
2007, tal como as obras em casa e as compras de
bricolage, de equipamentos desportivos ou de bens
imobiliários. As intenções de compra para os
próximos 12 meses sugerem também reduções nas
compras de automóveis e de motos, de
electrodomésticos, de computadores pessoais e de
móveis.
As perspectivas de compra de telemóvel estão em alta
e as de electrónica de consumo (televisores e vídeo
e aparelhagens de alta-fidelidade) registam uma
ligeira recuperação.
O estudo da Cetelem, empresa especializada em
crédito ao consumo do grupo BNP Paribas, começou a
realizar-se em 1989 em França e abrange actualmente
12 países: França, Itália, Espanha, Portugal,
Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Polónia, República
Checa, Eslováquia, Hungria e Rússia. Lusa