Público - 26 Jan 07

 

Portugueses são os mais pobres da Europa ocidental


Estudo feito em 12 países pelo grupo Cetelem mostra que o pessimismo invadiu Portugal

O rendimento médio por habitante em Portugal é o menor da Europa Ocidental e o crescimento do rendimento esperado é também o menor, afirmou ontem Luciana Peres, directora de marketing da Cetelem, empresa especializada em crédito ao consumo.
Em conferência de imprensa para apresentar o Observador Cetelem, estudo realizado com base num inquérito anual a 10 mil pessoas em 12 países europeus, Luciana Peres afirmou que "os portugueses são os mais pessimistas" dos 12 países considerados, embora haja uma melhoria das expectativas para 2007.
A directora da Cetelem salientou que, "com a taxa de inflação a aumentar mais do que os salários, o poder de compra dos portugueses está em queda", mas, apesar disso e do alto endividamento das famílias, "a vontade de consumir é maior do que a de poupar".
Luciana Peres observou que as regiões de Lisboa e Porto são as mais consumistas, enquanto no Algarve se encontra uma maior propensão para poupar.
Conceição Caldeira, responsável pelo Observador em Portugal, assinalou que a grande maioria dos portugueses manifesta maior propensão para consumir do que para poupar, mas quando se pergunta o que vai de facto comprar em 2007, há uma tendência de diminuição, com excepção da electrónica de consumo e dos telemóveis. O estudo da Cetelem indica que a compra de automóvel não é uma prioridade para os portugueses em 2006 e 2007, prevendo uma recuperação lenta que poderá levar as vendas de ligeiros de passageiros para 230 mil unidades em 2010.
Embora as intenções de consumo na área do lazer/viagens continuem no topo em Portugal, esta rubrica apresenta uma clara tendência de queda em 2007, tal como as obras em casa e as compras de bricolage, de equipamentos desportivos ou de bens imobiliários. As intenções de compra para os próximos 12 meses sugerem também reduções nas compras de automóveis e de motos, de electrodomésticos, de computadores pessoais e de móveis.
As perspectivas de compra de telemóvel estão em alta e as de electrónica de consumo (televisores e vídeo e aparelhagens de alta-fidelidade) registam uma ligeira recuperação.
O estudo da Cetelem, empresa especializada em crédito ao consumo do grupo BNP Paribas, começou a realizar-se em 1989 em França e abrange actualmente 12 países: França, Itália, Espanha, Portugal, Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria e Rússia. Lusa