Previsão do Governo para a
inflação revelou o maior erro desde 2002 Sérgio Aníbal
A pressão exercida pelos produtos energéticos e
alimentares e a revisão do cálculo feito pelo
Instituto Nacional de Estatística contribuíram para
que o erro do Governo na sua previsão inicial para a
taxa de inflação fosse no ano passado o mais elevado
desde 2002.
De acordo com os dados ontem divulgados pelo INE, a
taxa de inflação média dos últimos doze meses
situou-se em 3,1% no final de 2006, ou seja, mais
0,8 pontos percentuais do que tinha sido projectado
pelo Executivo quando apresentou, em Outubro de
2005, a proposta de Orçamento do Estado para o ano
de 2006.
Desde essa altura até agora, vários foram os
factores que correram contra a previsão do
Executivo. Em primeiro lugar a alta do preço do
petróleo nos mercados internacionais. De acordo com
o INE mais de um terço do valor da taxa de inflação
média resulta do contributo da evolução dos preços
da classe transportes. Depois, a partir do passado
mês de Outubro, o INE corrigiu a forma como
calculava a inflação, o que levou a um agravamento
deste valor em algumas décimas.
A verdade é que, já depois destas mudanças, o
Governo reviu as suas previsões mas voltou a falhar.
No Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC),
apresentado há cerca de um mês, estimava-se que a
taxa de inflação ficasse em 2,9%.
Terminado o ano, também é possível concluir que não
foram só os bens energéticos que fizeram subir a
inflação acima do que estava esperado. Um contributo
importante veio também dos bens alimentares, tendo
os produtos hortícolas visto o seu preço aumentar
17% face ao que se registava em Dezembro do ano
passado.
E para além disso, a própria política orçamental do
Governo deu uma ajuda. Para além da subida do IVA -
que teve um efeito transversal de subida de preços
no primeiro semestre - e do aumento da taxa do ISP -
que agravou o custo dos combustíveis -, o Tabaco,
devido à introdução de uma maior carga fiscal,
esteve entre os produtos com uma variação mais
acentuada dos preços. No sentido contrário, com
descidas fortes, estiveram essencialmente os bens
relacionados com as telecomunicações. SA