Diário de Notícias - 16 Jan 07

 

Previsão do Governo para a inflação revelou o maior erro desde 2002
Sérgio Aníbal

 

A pressão exercida pelos produtos energéticos e alimentares e a revisão do cálculo feito pelo Instituto Nacional de Estatística contribuíram para que o erro do Governo na sua previsão inicial para a taxa de inflação fosse no ano passado o mais elevado desde 2002.

De acordo com os dados ontem divulgados pelo INE, a taxa de inflação média dos últimos doze meses situou-se em 3,1% no final de 2006, ou seja, mais 0,8 pontos percentuais do que tinha sido projectado pelo Executivo quando apresentou, em Outubro de 2005, a proposta de Orçamento do Estado para o ano de 2006.

Desde essa altura até agora, vários foram os factores que correram contra a previsão do Executivo. Em primeiro lugar a alta do preço do petróleo nos mercados internacionais. De acordo com o INE mais de um terço do valor da taxa de inflação média resulta do contributo da evolução dos preços da classe transportes. Depois, a partir do passado mês de Outubro, o INE corrigiu a forma como calculava a inflação, o que levou a um agravamento deste valor em algumas décimas.

A verdade é que, já depois destas mudanças, o Governo reviu as suas previsões mas voltou a falhar. No Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), apresentado há cerca de um mês, estimava-se que a taxa de inflação ficasse em 2,9%.

Terminado o ano, também é possível concluir que não foram só os bens energéticos que fizeram subir a inflação acima do que estava esperado. Um contributo importante veio também dos bens alimentares, tendo os produtos hortícolas visto o seu preço aumentar 17% face ao que se registava em Dezembro do ano passado.

E para além disso, a própria política orçamental do Governo deu uma ajuda. Para além da subida do IVA - que teve um efeito transversal de subida de preços no primeiro semestre - e do aumento da taxa do ISP - que agravou o custo dos combustíveis -, o Tabaco, devido à introdução de uma maior carga fiscal, esteve entre os produtos com uma variação mais acentuada dos preços. No sentido contrário, com descidas fortes, estiveram essencialmente os bens relacionados com as telecomunicações. SA