Referendo: plataforma
pelo ‘Não’ Aborto desvia
verbas da Saúde
Ana Patrícia Dias / S.R. com Lusa
Cada vez que o Estado financiar
2,3 abortos está a não pagar, a adiar ou a excluir
uma operação.” As palavras são do social-democrata
António Borges, que com este argumento apelou ontem
ao ‘não’ no referendo de 11 de Fevereiro.
Para o economista, o aborto
praticado por opção não deve ser financiado pelos
impostos dos contribuintes, pois desta forma serão
desviados os recursos do Serviço Nacional de Saúde (SNS),
que já passa por “graves constrangimentos
financeiros”. “É preciso saber se é justo desviar
verbas do SNS para quem não está doente e tem apenas
uma vontade”, acrescentou Maria José Nogueira Pinto,
vereadora do CDS-PP na Câmara de Lisboa, que ontem
participou com António Borges e Isabel Neto numa
conferência da plataforma ‘Não Obrigada’.
Já Isabel Neto, defendeu que as verbas destinadas ao
aborto deveriam ser aplicadas antes no apoio à
família e no incentivo à natalidade. “Numa sociedade
que enfrenta um ‘tsunami’ de doenças crónicas e de
baixa de natalidade, não devemos estar a desviar
fundos para liberalizar o aborto, mas para as
mulheres que querem ter mais filhos”, sublinhou
Isabel Neto. Quanto ao montante das verbas
necessárias para pagar os abortos, Isabel Neto
adiantou que “se o Estado financiar entre 650 a 800
euros por aborto, o montante atingirá entre os 20 e
os 30 milhões de euros”.
António Borges deixou outro alerta: “Se o ‘sim’
vencer, isso poderá levar a um aumento exponencial e
deplorável do número de abortos.”
NOTAS SOLTAS
‘SIM’ VINCULATIVO
O social-democrata António Borges defendeu ontem
que, caso o ‘sim’ vença o referendo mas sem um
resultado vinculativo, a lei não deve ser alterada
como o PS pretende fazer, por colocar em causa os
“futuros referendos”.
ASSINATURAS
O movimento cívico ‘Vida, Sempre!’ recolheu nove mil
assinaturas no distrito de Vila Real em defesa do
‘não’ ao aborto no referendo que se realiza a 11 de
Fevereiro.
SÓCRATES MOBILIZA SOCIALISTAS PARA O 'SIM'
Com o objectivo de mobilizar os socialistas para a
campanha a favor do ‘sim’ no referendo sobre a
despenalização do aborto, o secretário-geral do PS,
José Sócrates, tem já agendadas algumas reuniões, a
primeira das quais ter-se-á realizado ontem à noite
com os presidentes das federações, segundo adiantou
o secretário nacional do PS para a Organização.
Marcos Perestrello revelou ainda que Sócrates
reunirá com todos os presi- dentes de câmaras do PS
e com os primeiros vereadores dos municípios em que
o partido foi derrotado, na próxima semana, altura
em que está previsto o lançamento dos primeiros
cartazes do partido que apelam ao voto a favor da
despenalização do aborto.
Além das reuniões, o primeiro-ministro, membros do
seu Governo e dirigentes nacionais do PS estarão
presentes em plenários distritais com militantes a
realizar a partir de meados deste mês.