Estado alemão
está a investir milhões num novo babyboom
Carla Guerraem Berlim
A noite de fim de ano foi tensa e cheia de
expectativa para os pais e funcionários de vários
hospitais alemães. As habituais questões "é rapaz ou
rapariga?" ou "é saudável?" foram substituídas por
"a que horas nasceu?" É que da hora do nascimento
dependia um subsídio generoso para todos pais de
bebés nascidos a partir de dia 1 Janeiro.
Consultórios médicos, hospitais e sites da
internet foram inundados com questões de muitas mães
querendo saber como prolongar a sua gravidez.
No hospital Vivantes, em Berlim, temendo o pior, os
empregados que gozavam o feriado foram chamados à
última da hora, por receio de uma avalanche de
partos, contou ao DN uma funcionária. Mas o que
tanto se receava, afinal, não aconteceu. Tanto na
clínica Vivantes como no Charité, o maior hospital
do mundo, ocorreram seis a sete nascimentos, um
número considerado normal.
Toda esta euforia gira em torno da nova legislação
que entrou em vigor às 00.00 de dia 1. O subsídio de
maternidade passa a estar ligado ao ordenado da mãe,
o novo Elterngeld de 67 por cento do salário
líquido, montante que não poderá ultrapassar os 1800
euros mensais e num máximo de 14 meses, em vez do
regime da quantia fixa de 300 euros mês durante 24
meses ou 450 durante um ano.
"É um sinal de que a nossa sociedade quer compensar
pais que trabalham" disse ao jornal Der
Tagesspiegel a ministra da Família, Ursula von
der Leyen, ela própria mãe de sete crianças. A
medida surge para dar resposta à preocupante taxa de
natalidade da Alemanha, a menor da União Europeia.
Uma em cada três mulheres alemãs não quer ter filhos
e as estatísticas anunciam um cenário dramático: em
2050 a população alemã ficará reduzida a 50 milhões
contra os actuais 82. E caso a tendência não se
inverta, a recente machete do diário Bild
passará de previsão alarmista a realidade "os
alemães estão a desaparecer". Actualmente são os
imigrantes que mais contribuem para a natalidade com
1,9 crianças por casal.
"Nós, muçulmanos, não estamos preocupados em não ter
dinheiro para os nossos filhos porque acreditamos
que Alá dá-nos tudo o que precisamos", diz Burhan
Kesici, vice-presidente da Federação Islâmica
Federação em Berlim.
Com esta medida generosa, mas dispendiosa, o estado
alemão aguarda um babyboom já este ano. A
esperança é a de que muitos casais decidam ter
filhos e que os actuais 1.3 nascimentos por casal
passem a 2.1