Público - 02 Jan 07

 

mensagem de ano novo

Presidente da República exige "realizações concretas" para 2007

Sofia Branco
 

Cavaco Silva quer ver "progressos claros", especialmente nas áreas do desenvolvimento económico, da educação
e da justiça

 

Reafirmando a importância de um "relacionamento salutar" entre os órgãos de soberania, o Presidente da República, Cavaco Silva, não deixou fugir a oportunidade de falar "aos portugueses" na passagem de ano para exigir mais da governação do país. "Os portugueses exigem realizações concretas. E o Presidente da República, no início deste ano de 2007, acompanha-os nessa exigência de resultados", afirmou, na sua primeira mensagem de Ano Novo, transmitida ontem à noite pela rádio e televisão públicas.
Cavaco Silva especificou "três grandes domínios" nos quais espera ver obtidos "progressos claros" em 2007, ano que considera "crucial para o futuro" do país: desenvolvimento económico, educação e justiça.
Sublinhando que o desenvolvimento económico "é essencial para que haja mais emprego, mais justiça social e melhores condições de vida", Cavaco Silva disse esperar "que 2007 fique marcado por uma recuperação do investimento".
Atribuindo aos empresários o papel de "verdadeiros agentes da mudança", aos quais cabe aumentar a produtividade, investir mais e melhor e apostar na inovação e na qualidade, o Presidente apelou à afirmação de "uma cultura que dê espaço à iniciativa, ao uso das competências e à valorização do mérito". Como nem só dos empresários depende o desenvolvimento, Cavaco Silva exigiu ao Estado que "seja mais eficiente no uso dos seus recursos e que actue com rapidez e transparência". "O Estado não deve ser um obstáculo, antes deve favorecer a competitividade das empresas e contribuir para que os cidadãos desenvolvam as suas potencialidades", referiu.
O Presidente sublinhou, porém, que o reequilíbrio das contas públicas, sendo um "factor decisivo para um crescimento económico sustentado", deve ter em conta "a preservação da coesão social e a solidariedade para os que mais precisam".
Esperando "melhorias visíveis no funcionamento" do sistema educativo, Cavaco sublinhou que "a qualidade do ensino, o estímulo à excelência e o combate sem tréguas ao insucesso e abandono escolar têm que ter sinais positivos já em 2007".
Congratulando-se pela redução de "alguma crispação que marcava o sector da justiça" e pelo "entendimento político alargado" para a reforma judicial, o Presidente exigiu aos "protagonistas" do sector "um contributo activo": "2007 é o ano em que devem ser concretizados passos decisivos para a melhoria do funcionamento do sistema de justiça."

Presidente partilha
"insatisfação"
No plano dos desafios, Cavaco Silva sublinhou a presidência portuguesa da União Europeia, a decorrer no segundo semestre do ano, "tarefa exigente, complexa e de grande responsabilidade", mas que representa "igualmente uma oportunidade, que tão cedo não se repetirá, para afirmar o prestígio de Portugal".
No plano político e institucional, reafirmou a defesa da "cooperação estratégica" com o Executivo, entendendo ser "fundamental que haja um clima de confiança e estabilidade que favoreça o desenvolvimento económico e social e permita a realização de reformas inadiáveis". Mas alertou: "Deve ainda existir um salutar relacionamento institucional entre o Governo da República e os seus interlocutores, desde os órgãos de governo próprio das Regiões Autónomas às forças partidárias e aos parceiros sociais."
Acreditando que Portugal vive "um tempo de esperança", Cavaco Silva quis, contudo, falar aos que vivem com maiores dificuldades, afirmando-se "empenhado em lançar as sementes de uma sociedade mais justa, solidária e inclusiva" e apelando a "um olhar atento para o sofrimento dos menos afortunados".
O Presidente disse ainda partilhar dos "sentimentos daqueles que se têm mostrado insatisfeitos e querem um país melhor". "Partilho dessa insatisfação, quero um Portugal melhor, e, por isso, serei também exigente quanto aos resultados. Só assim poderemos compreender e aceitar que os sacrifícios do presente são essenciais para preparar um futuro melhor", argumentou.
"Em 2007, não podemos falhar as metas que queremos atingir. Para isso, é fundamental que haja um clima de confiança e estabilidade que favoreça o desenvolvimento económico e social, credibilize as instituições e permita a realização das reformas inadiáveis", sintetizou.