NOVE maternidades vão encerrar
durante este ano. A primeira é a do hospital de
Santo Tirso. O bloco de partos será transferido para
Famalicão, que já se preparou para receber os 400
partos que anualmente se fazem em Santo Tirso. As
outras são as que actualmente funcionam nos
hospitais de Amarante, Elvas, Oliveira de Azeméis,
Lamego, Barcelos e no Centro Hospitalar de
Trás-os-Montes. Neste último, que inclui os
hospitais de Mirandela, Bragança e Miranda do Corvo,
ficará apenas uma maternidade, provavelmente em
Bragança, capital do distrito. Por decidir está,
ainda, o que fazer aos blocos de partos dos
hospitais de Castelo Branco, Covilhã e Guarda. De
acordo com as recomendações que a Comissão
Materno-Infantil, presidida pelo antigo secretário
de Estado da Saúde, Albino Aroso, fez ao Ministério,
estes três hospitais da Beira deverão ficar com um
só bloco de partos, que segundo soube o EXPRESSO,
ficará sediado em Castelo Branco ou Covilhã.
Sem obstetras.
Todos os blocos que vão encerrar
fazem menos de 1500 partos por ano. Alguns, nem
sequer atingem o meio milhar. É o caso de Mirandela,
Santo Tirso, Lamego, Guarda e Elvas. Neste hospital
alentejano fizeram-se no ano passado apenas 263
partos.
Mas o grande argumento da
Comissão Materno-Infantil para propor o fecho destes
blocos é o facto de nenhum dos respectivos hospitais
cumprirem os requisitos necessários para assegurar
os nascimentos em condições de segurança clínica. As
normas internacionais obrigam a que os serviços de
obstetrícia tenham, no mínimo, dois obstetras
presentes, bem como um pediatra com formação em
reanimação de recém-nascidos e um anestesista. A
maioria destes hospitais não tem obstetras em número
suficiente para ter a urgência aberta. Outros, têm
médicos mas nenhum faz banco por terem ultrapassado
os 55 anos. É o caso de Lamego, onde a média etária
dos obstetras é de 56 anos. A solução a que as
administrações hospitalares recorre é a de contratar
médicos, em regime de avença, que ficam de prevenção
em casa, sendo chamados em caso de necessidade.
Outra solução comum é a programação dos partos, uma
das razões que faz com que Portugal seja um dos
países europeus com maior taxa de cesarianas nos
hospitais do Estado: cerca de 30%, quando a média
europeia é de 17%.
Em Mirandela, por exemplo, a
falta de obstetras teve consequências graves para um
recém-nascido, que acabou por ser atingido por uma
paralisia cerebral porque o parto foi atrasado, uma
vez que não havia médico no hospital
(ver texto ao lado).
Grávidas podem escolher.
Com esta reestruturação deixa de
haver a chamada área de residência dos hospitais. Ou
seja, qualquer grávida pode escolher o local onde
quer dar à luz, independentemente da sua área de
residência. O Ministério da Saúde, por outro lado,
compromete-se a assegurar que todos os blocos de
parto do país tenham departamentos de neonatologia,
sala de reanimação para recém-nascidos, bloco
operatório, serviço de sangue e laboratório abertos
durante 24 horas.