Público - 17 Jan 06
Em nenhuma
das competências matemáticas testadas
o desempenho
chega ao bom
Os desempenhos dos alunos que em
Junho de 2005 realizaram, pela primeira vez, o exame
nacional de Matemática do 9.º ano foram "muito
fracos, aliás na continuidade dos relativos às
provas de aferição do 3.º ciclo" (que testavam os
mesmos conhecimentos mas não contavam para a nota).
O relatório do Gabinete de Avaliação Educacional (Gave),
organismo responsável pela elaboração dos testes,
está concluído e vem confirmar muitas das
dificuldades já diagnosticadas.
De uma forma geral, escreve o Gave, o desempenho
médio dos alunos "nunca se apresenta nem bom nem
muito bom" em qualquer das competências ou domínios
temáticos analisados. Mas onde os estudantes
portugueses revelam maiores dificuldades é na
competência relativa à resolução de problemas.
"Mesmo nos problemas mais simples", sublinha-se.
E isto, explica o Gave, porque as questões que no
exame apelam à resolução de problemas "são
contextualizadas em situações que exigem a análise e
a compreensão de situações da vida real, bem como a
interpretação dos resultados". "É bem possível que
os jovens durante o ensino básico não estejam a ser
expostos, de uma forma regular, a este tipo de
situações problemáticas".
Outra das competências onde o desempenho é muito
fraco relaciona-se com o raciocínio dedutivo. O Gave
sugere mais uma vez que as dificuldades possam
ocorrer por este ser um exercício "raro ou ausente
das práticas de sala de aulas, apesar de constar do
programa do ensino básico". A competência relativa a
conceitos e procedimentos é a única onde o
desempenho é classificado como "satisfatório".
Quanto aos temas testados, o domínio da matéria é
"satisfatório" quando os alunos são chamados a
responder a perguntas sobre estatística e
probabilidades e funções. Já no capítulo "números e
cálculo", as análises efectuadas mostram que duas em
cada três do total de respostas relativas a este
tema tiveram uma cotação nula. Aliás, a percentagem
de respostas totalmente erradas é "de uma forma
geral muito elevada".
Resultados mantêm-se
No relatório faz-se igualmente uma comparação entre
os resultados dos exames nacionais e o desempenhos
nas provas de aferição em 2002, 2003 e 2004. A
primeira constatação é que "o indicador global de
desempenho se tem mantido relativamente estável,
embora preocupantemente baixo": oscila entre 40 por
cento em 2002 e os 38 por cento em 2005.
E é preciso ressalvar que os estudantes que poderiam
ter mais dificuldades - que já estavam chumbados à
partida, mesmo que tivessem uma boa prestação no
exame, com necessidades educativas especiais, em
currículos alternativos ou imigrantes recentemente
chegados - foram dispensados do exame nacional.
Outra tendência visível nesta comparação é a de que
raciocínio e resolução de problemas mantêm-se ao
longo dos anos como as competências onde os alunos
revelam mais dificuldades.
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