Público - 17 Jan 06

Relatório do Júri Nacional de Exames

Todos os concelhos com média inferior a 3 no exame de Matemática do 9.º ano

Isabel Leiria

Os resultados da disciplina a nível concelhio oscilaram entre 1,49
e 2,66 valores numa
escala de 1 a 5

Já se sabia que 71 por cento dos 85 mil alunos do 9.º ano que estrearam, em Junho passado, o exame nacional de Matemática tinham tido negativa na prova. Mas a análise aos resultados por região vai mais longe e mostra agora que nenhum concelho do país conseguiu registar média superior a 2,66 (numa escala de 1 a 5).
Os dados constam do relatório do Júri Nacional de Exames (JNE), que analisa a forma como decorreu todo o processo relativo às provas nacionais do 9.º e do 12.º (e que implicou a realização, em Junho, de mais de 600 mil exames) e os resultados obtidos.
E o que o documento revela é que a média nacional no exame de Matemática do 9.º ano ficou-se pelos 2,2 valores. Os resultados mais baixos localizam-se na Madeira (1,97), em todos os distritos a Sul do Tejo e ainda Guarda e Braga.
Na faixa litoral entre Lisboa e Aveiro concentram-se os distritos onde o desempenho dos alunos foi melhor. O problema é que mesmo nas regiões que poderiam beneficiar do facto de terem indicadores sócio-económicos superiores os resultados continuam a ser globalmente fracos.
Basta ver que o distrito onde as notas foram melhores - Coimbra - fica-se por uma média de 2,41 valores. Restringindo a análise ao nível dos concelhos, constata-se de igual forma que a prestação mais positiva cifrou-se em 2,66 valores de média, obtidos em Arruda dos Vinhos, distrito de Lisboa.

92 concelhos com média
inferior a 2 valores
O pior resultado foi registado no concelho de Mondim de Basto (Vila Real). Os alunos que aí prestaram provas não foram além de 1,49 de média. Ao todo, entre os 285 concelhos contabilizados (excluem-se os Açores, já que não se realizaram aí exames do 9.º ano), 92 apresentaram médias inferiores a 2 valores.
Outra das conclusões realçadas pelo JNE prende-se com a "grande discrepância" entre a média obtida nos exames nacionais e a média de frequência. Por outras palavras, e tal como acontece no 12.º ano, os alunos têm classificações substancialmente melhores na avaliação que é feita ao longo do ano pelos professores da escola do que na avaliação externa.
Assim, se a média no exame se fica pelos 2,2 , já a média das notas atribuídas no 3.º período sobe para os 3,1. O número de concelhos com uma classificação de frequência positiva sobe para os 175.
Recorde-se que, por se tratar do primeiro ano de aplicação dos exames, a nota contou apenas 25 por cento (e não 30 por cento, como inicialmente previsto) no cálculo da classificação final da disciplina. Para este ano, a questão está ainda em aberto, mas é provável que a tutela mantenha o peso de 25 por cento. "Enquanto não forem conhecidas as conclusões do trabalho de reflexão interna nas escolas, alterar a ponderação serviria apenas para punir indevidamente os alunos", explica fonte do Ministério da Educação.
Em relação à prova de Língua Portuguesa, os resultados são substancialmente melhores. A média no exame nacional cifrou-se nos 3 valores, tanto quando a média na classificação final.
Ainda assim, em mais de metade dos concelhos (155), os resultados ficaram abaixo dos 3 valores. Porto Moniz (Madeira), Crato (Portalegre), Vila Viçosa (Évora), Vimioso (Bragança) ou Coimbra tiveram as melhores prestações nos exames nacionais.

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