Público - 17 Jan 06
Conjunto de medidas desregulamentam o mercado de
trabalho em França no âmbito da batalha pelo emprego
lançada pelo primeiro-ministro
Frisando que o desemprego "hoje em dia", em
França, "é para os jovens", o primeiro-
-ministro francês, Dominique de Villepin, anunciou
ontem uma série de medidas a favor do emprego da
população com menos de 26 anos que provoca já alga
celeuma.
A classe etária dos 18 aos 25 anos regista uma taxa
de desemprego de 23 por cento, duas vezes superior à
da média nacional. Villepin propõe a criação de um
contrato de primeiro emprego (CPE), decal-
cado, de certa forma, do CNE (contrato de novo
emprego) lançado pelo seu Governo em meados de 2005
para as empresas com menos de 20 empregados.
O contrato de primeiro em-
prego é um contrato definitivo, mas que instaura um
período de teste de dois anos do empregado, durante
o qual o empregador tem o direito de despedir sem
qualquer justificação. Em compensação, se o jovem
for despedido depois de quatro meses na empresa,
terá direito a uma indemnização de ruptura de 460
euros por mês durante dois meses, paga pelo Estado.
Período de consolidação
O primeiro-ministro chama a estes dois anos o
"período de consolidação" do emprego. Todavia, a
duração do CPE oferece a possibilidade de ser
variável: os estágios, contratos de três meses e as
formações feitas pelo jovem na mesma empresa serão
dedutíveis dos 24 meses de teste. Por fim, o novo
tipo de contrato abre o direito a vinte a horas de
formação profissional por ano, a partir do primeiro
mês de actividade. Os empregadores beneficiam de uma
exoneração total de encargos patronais durante três
anos por cada CPE assinado com um jovem de menos de
26 anos que estivesse no desemprego por mais de seis
meses. O CPE será também proposto às empresas com
mais de 20 empregados.
Estas medidas, que desregulamentam o mercado do
trabalho em França, foram já criticadas pela
oposição de esquerda como um "novo enfraquecimento
da protecção laboral". Por seu lado, Laurence
Parisot, presidente da principal organização
patronal francesa, o Medef (Movimento das Empresas
de França), critica a "adopção de uma fórmula global
para quem tem menos de 26 anos" e considera que o
CPE "não vai no sentido do interesse geral".
Estas medidas são adoptadas a 16 meses das eleições
presidenciais, nas quais Do-
minique de Villepin é um dos principais candidatos
"potenciais". O primeiro-mi-nistro deseja assim
deixar o seu posto com um balanço positivo no
capítulo do desemprego, que é a principal razão de
descontentamento social e político em França.
Por decisão sua, o Estado vai dar novos incentivos
fiscais às condições para a aprendizagem em empresa.
Mais velhos também
merecem atenção
No outro extremo do leque etário, são os seniores
que mais sofrem com o desemprego. Actualmente, a
taxa de actividade dos 55 aos 64 anos é de 37,3 por
cento. Isto deve-
-se em grande parte à política empresarial dos
empregadores franceses, que resistem a empregar
pessoas com mais de 55 anos.
Dominique de Villepin pro-
põe a criação de contratos curto prazo para os
seniores, instaura a reforma a meio tempo a partir
dos 60 anos, que permitirá aos empregados de ficarem
na empresa a meio-tempo, e anuncia o fim das
restrições à acumulação de emprego e de reforma.
9,8%
Taxa de desemprego nacional
23%
desemprego entre os jovens dos 18-25 anos,
o equivalente a 618 mil indivíduos
40%
desempregados dos 18-25 anos sem habilitações
21%
desempregados jovens com licenciatura e mestrado