Diário de Notícias - 11 Jan 06
Corte de 6,6% no défice de
2006, mas incerteza no futuro
Benefícios no curto prazo, mas uma incógnita para o futuro.
O impacto de uma transferência dos fundos de pensões do
sector bancário para as contas públicas pode significar, no
ano em que for concretizado, um corte no défice orçamental
português de 6,6% do PIB, o valor a que correspondem os
cerca de 9700 milhões de euros que potencialmente podem ser
transferidos.
Este valor chegaria para que, em 2006, se passasse do saldo
negativo de 4,6% projectado pelo Governo para um excedente
orçamental de 2%. No entanto, esta melhoria seria apenas
temporária e o Governo tem vindo a salientar que não
utilizará qualquer tipo de receita extraordinária para
cumprir os objectivos de consolidação orçamental
apresentados a Bruxelas, pelo que deverá continuar a ter
como objectivo um défice de 4,6% excluindo medidas
temporárias.
Para os anos seguintes ao da possível transferência dos
fundos há dois efeitos a considerar. Numa fase inicial,
poderá assistir-se a um aumento das contribuições recebidas
pela Segurança Social, graças aos descontos efectuados pelos
bancários no activo. De igual modo, durante as próximas
décadas, aumenta a despesa com pensões a suportar pela
Segurança Social, um efeito inevitável face ao acréscimo do
número de beneficiários.
O saldo entre o aumento de receita no curto prazo e o
acréscimo da despesa no longo prazo fica dependente da
prudência dos cálculos actuariais que estarão na base da
eventual transferência dos fundos. De acordo com o Tribuna
de Contas, nas transferências de fundos de empresas
públicas, quem ficou a perder foi a Caixa Geral de
Aposentações.