A Comissão Europeia quer que o Governo português
reponha o IVA das fraldas em 19 por cento, dado que a redução do
imposto para cinco por cento, prevista no Orçamento de Estado para
2005, viola o direito comunitário, mas Bagão Félix já fez saber que
não vai ceder.
«Se a União Europeia e a Comissão está preocupada
com esta matéria, faça-lhe bom proveito, o país tem problemas bem
mais importantes. Devo dizer, aliás, que quem tem uma taxa de cinco
por cento nos preservativos não percebe porque é que não há-de haver
uma taxa de cinco por cento nas fraldas para crianças, que para as
mães e pais jovens é um encargo bastante elevado» - afirmou.
A Associação Portuguesa das Famílias Numerosas
(APFN) também já protestou contra a possibilidade de a Comissão
Europeia obrigar o Governo a repor os 19 por cento de IVA nas
fraldas para bebés.
A APFN decidiu ainda pedir a intervenção do
recém-criado Intergrupo da Família e Protecção da Criança, no
Parlamento Europeu, para que este repudie a medida e aproveite a
oportunidade para «eliminar toda e qualquer directiva comunitária
que limite o inalienável direito dos pais europeus a terem os filhos
que desejarem sem serem penalizados pelo seu número».
Em comunicado, a Associação refere vai também
solicitar ao Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que
suspenda de imediato esta decisão e que mande instaurar um processo
de averiguações para identificar «o burocrata com tiques
totalitários que não aceita que os Estados membros tenham ainda um
resto de soberania que lhes permita fixar o IVA das fraldas para
bebés».
Recorde-se que o Orçamento de Estado para 2005
prevê que o IVA (imposto sobre o valor acrescentado) das fraldas
passe de 19 para cinco por cento, permitindo baixar o preço do
produto. Mas a Comissão Europeia quer obrigar o Governo a recuar,
por considerar que a decisão «configura uma clara infracção das
regras comunitárias».
O ministro das Finanças e da Administração
Pública, Bagão Félix, explicou que a decisão do Governo de passar o
IVA das fraldas de 19 para cinco por cento apenas alterou uma parte
do Código do IVA, ou seja, deixou de fazer distinção entre as
fraldas para bebés e as fraldas para adultos incontinentes.
O Código do IVA prevê uma taxa de cinco por cento
para, entre outros, medicamentos, preservativos, pensos, agulhas e
seringas para diabéticos, bem como «resguardos e fraldas para
adultos incontinentes», tendo o Governo decidido retirar a parte
referente aos adultos incontinentes, adiantou Bagão Félix.
