Diário de Notícias - 30 Jan 04

População europeia cada vez mais velha
FERNANDA GABRIEL Correspondente em Estrasburgo

A Europa está a perder a batalha da demografia, de acordo com um relatório publicado ontem em Estrasburgo sobre a evolução demográfica recente. Segundo o documento, a população europeia diminuiu em relação à população mundial, devido a uma fraca taxa de fecundidade no velho Continente, devendo esta tendência manter-se nos próximos anos, refere Aidan Punch, membro do Comité ad hoc para a população do Conselho da Europa. No início de 2003, a Europa contava 814 milhões de habitantes , isto é, mais 0,08% do que em 2002. De uma maneira geral, a população da Europa tem vindo a diminuir de maneira drástica. Há 50 anos a população europeia representava 22% da população mundial, enquanto hoje, de acordo com Adain Punch, representa 12% e dentro de 50 anos será apenas de 6,5%.

Em certos países, pode ler-se no relatório, a transição democrática a Leste foi acompanhada por um crescimento negativo da população. Em 1999, esta demografia negativa existia para além da Alemanha, apenas na Bulgária e na Hungria, mas esta tendência estendeu-se em 2002 a 12 novos Estados do Leste da Europa. Em certos países, a imigração permitiu compensar a perda de população. O estudo demonstra que Portugal faz parte dos países com a taxa de imigração mais elevada (+0,67%), ao lado de Chipre (+0,79%), San Marinho (+1,73%), Malta (0,41%), Andorra (+0,44%), Liechstentein (+0,47%). Bélgica (0,4%), Luxemburgo(0,59%) e Suíça (0,63%).

A tendência geral na Europa para uma maternidade cada vez mais tardia, a diminuição do número de casamentos e o aumento dos divórcios são traços importantes na evolução da sociedade europeia referidos no estudo e que têm um impacto negativo na demografia.

Por outro lado, a mortalidade das pessoas idosas diminuiu na maior parte dos países, sendo cada vez maior a esperança de vida. nomeadamente na Islândia, onde em 2000 a esperança de vida dos homens era de 78 anos, a mais elevada da Europa. Na Rússia é de 59 anos. Portugal é dos países da Europa Ocidental onde a esperança de vida para os homens é a mais baixa - cerca de 73 anos -, enquanto nos restantes países se situa, em média, entre os 75 e os 77 anos.

Em todos os Estados, a esperança de vida das mulheres é superior à dos homens e ultrapassa mesmo os 80 anos em quase metade dos países da Europa Ocidental. San Marinho é o país onde a esperança de vida das mulheres é a mais elevada na Europa, atingindo os 84,2 anos, enquanto em Portugal a esperança de vida para as mulheres situa-se nos 80 anos. Em França e na Itália, a média é de 82,9 e em Espanha de 81.

Na Turquia a esperança de vida das mulheres é a mais baixa da Europa com 70,9 anos, enquanto que na Rússia é de 71,9, sendo este último o país onde a diferença entre a esperança de vida dos dois sexos é a maior da Europa: mais de 13 anos. A Europa é mais atingida do que outras regiões do mundo pelo envelhecimento da população. Segundo o relatório, tudo indica que a revolução demográfica actual continue e que o número de pessoas idosas aumente, o que obrigará a sociedade a adaptar-se, nomeadamente a nível do trabalho, das reformas, da estrutura da família e da saúde. A geografia da mortalidade infantil apresenta a mesma divisão dentro da Europa, variando entre 2,7 por mil na Islândia e 39,4 por mil na Turquia. De uma maneira geral, na Europa Ocidental a taxa é inferior a 5 por mil e nos países de Leste situa-se entre 5 e 10 por mil. Na Roménia a mortalidade infantil é de 17,2 por mil. Nos países ocidentais são os franceses que têm mais filhos (1,89) e os alemães que ficam no fim da lista (1,31), enquanto em Portugal o numero é de 1,40. Os números mais baixos no conjunto da Europa situam-se na Arménia com uma taxa de 1,02 em 2001.

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