Público - 30 Jan 04

Escolas Recebem Resultados das Provas Aferidas de 2002 Depois de Fevereiro
Por ISABEL LEIRIA, com Lusa

Apesar de terem sido realizadas em Maio de 2002, as escolas só vão conhecer os resultados que obtiveram nas provas de aferição de Matemática e Língua Portuguesa (LP) desse ano a partir do final do próximo mês. Isto porque o Ministério da Educação (ME) entendeu que as classificações deveriam ser apresentadas conjuntamente com as obtidas nos testes realizados em 2003. "Sem elemento de comparação não tem sentido apresentar os resultados", justificou à Lusa o ministro David Justino, que confirmou a divulgação do estudo comparativo em meados de Fevereiro.

Para Augusto Santos Silva, deputado socialista e autor do requerimento ao ME solicitando a divulgação das notas dos alunos dos 4º, 6º e 9º anos, o que não faz sentido é investir recursos na realização de mais de 400 mil provas e depois não aproveitar a informação recolhida.

Para além das médias nacionais (a Matemática ficou-se pelos 63 por cento, 33,5 por cento e 40,1 por cento, nos 4º, 6º e 9º anos, respectivamente; a LP foram de 67,8 por cento, 59,6 por cento e 45,8 por cento), os dados que o ME recolheu permitem ainda ficar a saber quais as áreas do currículo e respectivas competências que estão a ser melhor e pior adquiridas pelos alunos, no final de cada ciclo do ensino básico.

E se ficam patentes as dificuldades já detectadas nos anos anteriores, David Justino considera que os resultados revelam o "autêntico descalabro das políticas socialistas". O ministro adiantou, aliás, que os valores de 2003 "não trazem grandes alterações no que se refere a dados estruturais". O ministro confia que a proposta do Governo de Lei de Bases da Educação, a ser aprovada, permitirá resolver algumas das falhas do sistema.

Para Fernando Nunes, presidente da Associação de Professores de Matemática, o problema só se resolverá quando forem tomadas uma série de medidas que "eliminem as contradições existentes na escola". Como o facto de anterior Governo ter definido um currículo nacional do ensino básico, baseado em competências, e os programas terem-se mantido os mesmos. Ou a tentativa de resolução de problemas actuais, "voltando aos métodos antigos".

"Sabemos dos anos anteriores que os alunos têm dificuldade no raciocínio e na comunicação matemática. Em vez de o ME dar orientação para os professores treinarem estas competências nas aulas, surge a polémica da calculadora e pede-se para se voltar ao papel e lápis", critica o professor, que defende ainda uma alteração radical na forma como o ensino é feito. O recurso crescente às novas tecnologias e aposta no trabalho em grupo são duas sugestões possíveis.

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