Duplicaram em 2008 os assaltos a bancos Valentina Marcelino
Arlindo Camacho
Segurança. O ministro da Administração Interna
apresentou ontem uma estratégia sem reconhecer que o
crime violento aumentou significativamente em 2008.
Para Rui Pereira, as medidas tomadas no ano passado
estão a revelar-se "adequadas". A Oposição está
desiludida
O número de assaltos a bancos ultrapassou as duas
centenas no ano passado, o que representa uma subida
para mais do dobro dos valores registados em 2007
(108). De acordo com dados recolhidos pela PJ, ainda
não anunciados oficialmente, mas que já são do
conhecimento do Banco de Portugal e da Associação de
Bancos Portugueses, esta subida não se refletiu, no
entanto, nos montantes roubados. Estes diminuíram,
em resultado das acções preventivas tomadas pelas
instituições bancárias que ordenaram que não fossem
mantidas elevadas quantias nos balcões.
Este número é mais uma confirmação das estimativas
de evolução do crime violento, já noticiada pelo DN,
segundo as quais este registou em 2008 a maior
subida dos últimos anos, que pode chegar aos 12%.
Segundo fontes policiais, nos assaltos aos bancos
foi notória uma tendência que se generalizou noutros
crimes: a de uma crescente utilização de armas de
fogo para ameaçar as vítimas.
Apesar deste cenário, ontem o ministro da
Administração Interna, Rui Pereira, concluiu que "as
medidas tomadas estão a dar resultados que se
projectam no futuro" e "estão a revelar-se
acertadas". Num rapidíssimo filme de quatro minutos,
foi feito o balanço das acções de segurança
desenvolvidas para combater a criminalidade no ano
passado. A maior parte não foram concluídas.
Na estratégia de segurança para 2009 apresentou
outras 15 medidas. Destas, apenas uma delas é
claramente operacional, o reforço das operações de
prevenção criminal e aposta no policiamento de
proximidade, mas nem é novidade.
De resto, foram anunciadas acções que são
obrigatórias pela lei, como o financiamento de novas
instalações e equipamentos para as polícias, que
estão já previstas num plano aprovado num plano de
financiamento a quatro anos; ou a "consolidação" da
lei de segurança interna, que está em vigor desde o
ano passado e foi a grande medida estrutural de
2008.
São ainda anunciadas como novas iniciativas já
antigas. É o caso da "criação" de equipas mistas de
forças e serviços de segurança para acções
especiais. Foram, precisamente, equipas com estas
caractarísticas - que reuniam elementos da PSP, GNR,
SEF e SIS -, que executaram as mediáticas "acções
especiais de prevenção criminal" nas zonas de maior
risco.
Hoje, o ministro vai apresentar esta estratégia aos
deputados à Assembleia da República. Numa primeira
reacção para o DN, os parlamentares da comissão de
segurança interna manifestam desilusão.