Diário de Notícias  - 11 Fev 09

 

Duplicaram em 2008 os assaltos a bancos
Valentina Marcelino
Arlindo Camacho

 

Segurança. O ministro da Administração Interna apresentou ontem uma estratégia sem reconhecer que o crime violento aumentou significativamente em 2008. Para Rui Pereira, as medidas tomadas no ano passado estão a revelar-se "adequadas". A Oposição está desiludida

 

O número de assaltos a bancos ultrapassou as duas centenas no ano passado, o que representa uma subida para mais do dobro dos valores registados em 2007 (108). De acordo com dados recolhidos pela PJ, ainda não anunciados oficialmente, mas que já são do conhecimento do Banco de Portugal e da Associação de Bancos Portugueses, esta subida não se refletiu, no entanto, nos montantes roubados. Estes diminuíram, em resultado das acções preventivas tomadas pelas instituições bancárias que ordenaram que não fossem mantidas elevadas quantias nos balcões.

 

Este número é mais uma confirmação das estimativas de evolução do crime violento, já noticiada pelo DN, segundo as quais este registou em 2008 a maior subida dos últimos anos, que pode chegar aos 12%. Segundo fontes policiais, nos assaltos aos bancos foi notória uma tendência que se generalizou noutros crimes: a de uma crescente utilização de armas de fogo para ameaçar as vítimas.

 

Apesar deste cenário, ontem o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, concluiu que "as medidas tomadas estão a dar resultados que se projectam no futuro" e "estão a revelar-se acertadas". Num rapidíssimo filme de quatro minutos, foi feito o balanço das acções de segurança desenvolvidas para combater a criminalidade no ano passado. A maior parte não foram concluídas.

 

Na estratégia de segurança para 2009 apresentou outras 15 medidas. Destas, apenas uma delas é claramente operacional, o reforço das operações de prevenção criminal e aposta no policiamento de proximidade, mas nem é novidade.

 

De resto, foram anunciadas acções que são obrigatórias pela lei, como o financiamento de novas instalações e equipamentos para as polícias, que estão já previstas num plano aprovado num plano de financiamento a quatro anos; ou a "consolidação" da lei de segurança interna, que está em vigor desde o ano passado e foi a grande medida estrutural de 2008.

 

São ainda anunciadas como novas iniciativas já antigas. É o caso da "criação" de equipas mistas de forças e serviços de segurança para acções especiais. Foram, precisamente, equipas com estas caractarísticas - que reuniam elementos da PSP, GNR, SEF e SIS -, que executaram as mediáticas "acções especiais de prevenção criminal" nas zonas de maior risco.

 

Hoje, o ministro vai apresentar esta estratégia aos deputados à Assembleia da República. Numa primeira reacção para o DN, os parlamentares da comissão de segurança interna manifestam desilusão.