Crédito - Portugueses devem três mil milhões Divórcio explica falta de pagamento
Raquel Oliveira
O divórcio é a principal razão para as pessoas
deixarem de pagar o seu crédito à habitação,
explicou ontem ao Correio da Manhã João Costa Reis,
presidente da Domusvenda, uma empresa que adquire
carteiras de crédito por resolver às instituições
financeiras e renegoceia as respectivas dívidas com
os devedores.
As situações de incumprimento prendem-se com
problemas pontuais, pelo que na maior parte dos
casos as “pessoas querem resolver as dívidas”,
acrescenta João Reis.
Esta é uma das razões por que a taxa de recuperação
do crédito nos imóveis é mais elevada do que no
consumo – em que estas taxas se situam entre os dez
e os vinte por cento.
“Quando envolvem garantias reais, isto é, quando os
próprios imóveis são dados como garantia, a taxa de
recuperação chega aos 80%”, concretiza.
A Domusvenda, que compra e gere créditos vencidos –
a bancos como o BES, BPN, BCP e Cofidis, entre
outras instituições –, já detinha no final do ano
passado 970 milhões de euros em créditos,
correspondentes a 41 mil empréstimos de 29,5 mil
devedores. O valor do crédito em contencioso em
Portugal é de três mil milhões de euros.
Os créditos vencidos comprados ou geridos pela
Domusvenda têm entre os seis meses e os 15 anos,
acrescenta João Reis.
Com cerca de 80% da quota de mercado nacional, a
Domusvenda prevê para 2007 um crescimento entre os
cinco e os dez por cento.
Entre os objectivos da empresa, encontra-se a
internacionalização para Espanha – um mercado sete
vezes maior do que o português – e para o Brasil.
A empresa prepara, entretanto, a primeira operação
de titularização de crédito vencido em Portugal no
valor de 150 milhões de euros, tendo como parceiro o
Crédit Suisse International.