Como é que vivem as crianças nos países ricos? Em
Portugal, uma em cada sete vive mal, segundo o
relatório da UNICEF que será hoje apresentado em
Berlim. Conclui que 16% dos menores de 18 anos
portugueses são pobres e 21% têm baixo nível
educativo. Estes indicadores são os responsáveis por
estarmos nos últimos lugares no bem-estar infantil.
Em contrapartida, as nossas crianças são as que
melhor se relacionam com a família e com os amigos.
O último relatório da UNICEF compara o bem-estar das
crianças (grupo com idades entre os 0 e 17 anos) nas
21 nações da OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico) considerados ricos. Têm
em conta seis dimensões da vida humana: pobreza,
saúde e segurança, educação, relacionamentos,
comportamentos e atitudes de risco dos jovens e as
percepção destes sobre o seu bem-estar. Em três
destes parâmetros, Portugal está na zona negra
(pobreza, educação e comportamentos de risco) e em
dois na cinzenta (saúde e segurança e percepção
sobre o bem-estar).
O País pertence ao lote das nações onde a taxa de
pobreza infantil é superior a 15% e que está
dividido entre europeus do sul (Portugal, Espanha,
Itália) e anglófonos (EUA, Reino Unido e Irlanda).
Este índice tem em conta os menores de 18 anos que
vivem em famílias cujo rendimento é menos de metade
da média nacional. Os países que registaram um
decréscimo das taxas de pobreza infantil
localizam-se no Norte da Europa, entre os quais
estão os quatro nórdicos com os índices mais baixos
de pobreza, inferior a 5%.
Educação
A literacia e o sucesso escolar é o parâmetro onde a
prestação portuguesa é pior. Foram comparadas as
habilitações da população com menos de 15 anos, a
percentagem do grupo entre os 15 e 19 que se mantém
no ensino e, entre os que saíram da escola, quantos
estão a trabalhar.
Trinta por cento dos jovens portugueses deixam os
estudos, mas 23% não tem emprego. Os relatores
lembram que estes "correm indubitavelmente maior
risco de exclusão e marginalização".
A Bélgica e o Canadá lideram a tabela do "bem-estar
educativo das crianças" e a Noruega e a Dinamarca,
que sobressaem na generalidade dos indicadores
sociais, estão mal colocadas neste parâmetro (18º e
19º). Já a Polónia está muito bem situada.
O único motivo de orgulho neste relatório para o
País é a forma como as famílias e a população em
geral tratam as suas crianças, só superada pelos
italianos. Oitenta por cento dos menores considera
que os seus pares são "simpáticos e prestáveis".
Estamos também entre os primeiros no que diz
respeito ao diálogo entre os jovens e os pais e
entre as famílias que mais atenção dão aos seus
descendentes.
O Reino Unido e os Estados Unidos revelam as
relações familiares e de amizade mais débeis. No
Canadá, na Alemanha e na Islândia mais de metade dos
jovens diz que os pais não têm tempo para falar com
eles.