Público - 8 Fev 07

 

LUÍS DOS SANTOS SEBASTIÃO Apoiar a protecção legal do embrião é ser progressivo
 

Luís dos Santos Sebastião nasceu em 1960, na Amora. Casado, com dois filhos. É doutorado em Filosofia da Educação na Universidade de Évora, onde é professor. Entre 1993 e 1996 presidiu ao Instituto Português da Juventude.

A sala de professores da Universidade de Évora tem vista para o belo claustro do antigo colégio jesuíta, mas isso só se perceberá no fim, quando Luís dos Santos Sebastião abrir a portada.
Define-se como "pedagogo". Já foi aluno desta universidade, agora dá aulas de Filosofia da Educação e de Bioética. Veio da Amora para Évora, no final dos anos 70, e aqui ficou. É mandatário do Alentejo pelo Não.
É contra a interrupção voluntária da gravidez e essa é "uma convicção inabalável". É-o, antes de mais, por uma questão ética, diz. "Há esferas da ética que têm a ver com a defesa dos mais indefesos, dos que não têm voz, daqueles a quem o Estado deve assegurar as condições de sobrevivência. Do meu ponto de vista, as leis que protegem a vida intra-uterina são leis que defendem os elos mais fracos." Afirma que não consegue "deixar de pensar" no aborto "em si" como "a terminação de uma vida em desenvolvimento". E esclarece que considera "razoavelmente irrelevante discutir se o embrião é pessoa ou se não é". "O que não é irrelevante é que cada um de nós já foi assim."
Luís dos Santos Sebastião recusa a sugestão ou o argumento de que a "protecção legal e até penal do embrião" signifique "regredir e ficar na Idade Média, ser completamente atrasado". "Pelo contrário, é ser razoavelmente progressivo." Isto porque encara a história da sociedade ocidental como "uma espécie de progresso da humanidade". "Podemos dizer que a humanidade começou por ser os homens livres de Atenas e depois fomos sempre incluindo o outro na nossa percepção do humano. Incorporámos os negros, os índios, as mulheres... Hoje, os argumentos a favor da defesa da vida são, do meu ponto de vista, equivalentes aos da abolição da escravatura ou da abolição da exclusão dos negros e dos índios. Porque são argumentos a favor da humanidade. Eu acho que os fetos não são pessoas. Mas já são dotados de humanidade." E conclui: "Não há nenhum de nós que possa arvorar o direito ou a presunção de julgar se a vida de alguém vale a pena."
Não