LUÍS DOS SANTOS SEBASTIÃO Apoiar a protecção
legal do embrião é ser progressivo
Luís dos Santos Sebastião nasceu em 1960, na Amora.
Casado, com dois filhos. É doutorado em Filosofia da
Educação na Universidade de Évora, onde é professor.
Entre 1993 e 1996 presidiu ao Instituto Português da
Juventude.
A sala de professores da Universidade de Évora tem
vista para o belo claustro do antigo colégio
jesuíta, mas isso só se perceberá no fim, quando
Luís dos Santos Sebastião abrir a portada.
Define-se como "pedagogo". Já foi aluno desta
universidade, agora dá aulas de Filosofia da
Educação e de Bioética. Veio da Amora para Évora, no
final dos anos 70, e aqui ficou. É mandatário do
Alentejo pelo Não.
É contra a interrupção voluntária da gravidez e essa
é "uma convicção inabalável". É-o, antes de mais,
por uma questão ética, diz. "Há esferas da ética que
têm a ver com a defesa dos mais indefesos, dos que
não têm voz, daqueles a quem o Estado deve assegurar
as condições de sobrevivência. Do meu ponto de
vista, as leis que protegem a vida intra-uterina são
leis que defendem os elos mais fracos." Afirma que
não consegue "deixar de pensar" no aborto "em si"
como "a terminação de uma vida em desenvolvimento".
E esclarece que considera "razoavelmente irrelevante
discutir se o embrião é pessoa ou se não é". "O que
não é irrelevante é que cada um de nós já foi
assim."
Luís dos Santos Sebastião recusa a sugestão ou o
argumento de que a "protecção legal e até penal do
embrião" signifique "regredir e ficar na Idade
Média, ser completamente atrasado". "Pelo contrário,
é ser razoavelmente progressivo." Isto porque encara
a história da sociedade ocidental como "uma espécie
de progresso da humanidade". "Podemos dizer que a
humanidade começou por ser os homens livres de
Atenas e depois fomos sempre incluindo o outro na
nossa percepção do humano. Incorporámos os negros,
os índios, as mulheres... Hoje, os argumentos a
favor da defesa da vida são, do meu ponto de vista,
equivalentes aos da abolição da escravatura ou da
abolição da exclusão dos negros e dos índios. Porque
são argumentos a favor da humanidade. Eu acho que os
fetos não são pessoas. Mas já são dotados de
humanidade." E conclui: "Não há nenhum de nós que
possa arvorar o direito ou a presunção de julgar se
a vida de alguém vale a pena."
Não