Diário de Notícias - 18 Fev 06
Estado quer libertar-se da acção social
O Estado vai deixar de gerir directamente valências de apoio social,
nomeadamente as de acolhimento de crianças, idosos e deficientes, devendo
transferir essa responsabilidade para as instituições privadas de solidariedade
social e Misericórdias.
"É natural que uma ou outra valência que ainda esteja a ser gerida pelo Estado
possa passar para a gestão das instituições de solidariedade. São elas que
organizam, aliás, o essencial da acção social em Portugal", disse ontem aos
jornalistas Vieira da Silva. O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social
falava à margem da cerimónia de tomada de posse da comissão instaladora da Casa
Pia de Lisboa (CPL) - instituição que, no prazo máximo de 16 meses, surgirá com
uma natureza jurídica mais autónoma, embora deva continuar sob tutela
governamental.
A nova CPL, que a comissão tem de germinar, poderá surgir sob a forma de
fundação. "É uma hipótese, mas poderão ser pensados outros figurinos", disse
Joaquina Madeira, a presidente da comissão instaladora ontem empossada. A equipa
de cinco elementos integra Catalina Pestana, que mantém o estatuto de provedora
para assegurar a representação protocolar e em juízo da CPL.
A entrega da gestão da acção social à sociedade civil é, segundo Vieira da Silva
"o caminho que continuará a ser seguido". "As instituições fazem acordos com o
Estado e recebem o financiamento, explicou.
Mas a total desvinculação da CPL do Estado não parece estar na calha. Joaquina
Madeira tem 16 meses para definir a natureza jurídica da instituição. Para já, a
ideia é construir lares espalhados por Lisboa, retirando-os do interior dos
colégios. Quanto ao ensino, "queremos uma formação profissional de referência
para o País. Em princípio, o ensino básico continua, sobretudo para os primeiros
anos, para actuarmos de forma preventiva", disse a nova mulher forte da CPL -
adiantando que será alienado apenas o património necessário à realização do novo
projecto da Casa Pia. "O que não envolve os grandes colégios", garantiu.
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