Diário de Notícias - 14 Fev 06
Portugal pode aumentar 9,7% na despesa com
pensões até 2050
Portugal é um dos países da União Europeia (UE) que corre maiores riscos
orçamentais com o aumento da esperança de vida e a diminuição da natalidade. A
conclusão é de um relatório elaborado pelo Comité de Política Económica da UE, o
qual deverá ser debatido e aprovado hoje pelos ministros das Finanças dos 25
Estados membros.
Segundo o relatório, entre 2004 e 2050 Portugal deverá aumentar a despesa
pública com pensões em 9,7% do PIB (produto interno bruto). Esta é a maior
subida da zona euro, só ultrapassada na UE por Chipre, que agravará a sua conta
em 11,8%. Actualmente, Portugal gasta em pensões de reforma um pouco mais de 11%
do PIB. O relatório incita os Estados membros a "intensificar os seus esforços
reformistas face ao rápido envelhecimento da população". Segundo o mesmo
documento, "o aumento constante da esperança de vida vai ter como consequência
que, em 2050, a Europa só tenha dois trabalhadores no activo por cada
pensionista, contra os quatro actuais".
O relatório indica que, dentro de 45 anos, "a população europeia será
ligeiramente menor que a actual, mas significativamente mais idosa". Estima que
a população activa seja reduzida em 16%, ou seja, 48 milhões de pessoas. No
mesmo período, o número de pessoas com mais de 65 anos aumentará 77% (58
milhões).
O documento sugere que "cada vez mais os países deverão restringir o acesso aos
regimes de pré-reforma" e apela a um aumento da idade da aposentação.
Transmitindo um sinal de optimismo, afirma que "os anos mais próximos ainda
oferecem uma janela de oportunidade para intensificar as reformas do sistema,
antes que os problemas se façam sentir mais seriamente". Mas termina com um
aviso "Retardar estas mudanças só as tornará mais dolorosas".
A nível de cuidados de saúde, a despesa pública deverá aumentar até 2050 o
equivalente a 0,5% do PIB, o que é compensado por uma estimativa de redução das
despesas com subsídios de desemprego (menos 0,1%) e de educação (menos 0,4%).
Neste último item, o relatório apoia-se no facto de a natalidade estar a
diminuir, mas não deixa de incluir uma ressalva para a hipótese de o aumento da
qualidade do ensino ter uma contrapartida de custos.
Além de Portugal e do Chipre, o cenário não é igualmente brilhante no Luxemburgo
(mais 7,4% do PIB), Eslovénia (7,3%), Espanha (7%), Irlanda (6,5%), Hungria
(6,7%) e Bélgica (5,1%). Só a Polónia e a Letónia verão baixar a sua factura
actual em 2050.
Confrontado ontem em Bruxelas com o relatório, o ministro das Finanças português
declarou que se trata de "conclusões simplistas assentes em pressupostos também
simplistas". Acrescentou;"Alerta para um problema a que temos de estar atentos,
mas não leva em linha de conta políticas que contrariem esta tendência". C MAC e
FS
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