Público - 8 Fev 04
Braga
Falta de adesão à rede pública aumenta preço da água
Os municípios de Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos têm um problema
comum no que diz respeito ao abastecimento de água, ao tratamento de águas
residuais e à recolha de lixo. As infra-estruturas estão construídas e
prontas para funcionar, mas os habitantes não aderem. O sistema está
montado, mas, apesar de terem "os tubos" à porta, muitos dos moradores da
região preferem continuar a consumir água de poços e de garrafão. E, dado
o elevado número de não aderentes, o investimento feito pelas autarquias e
empresas municipais acaba por não ser rentabilizado, aumentando assim o
preço que cada consumidor paga pelo metro cúbico de água. Contas feitas, e
tendo por base o consumo até 10 m3 por mês, Famalicão é a autarquia que
mais dinheiro cobra aos consumidores domésticos (66 cêntimos por m3).
Contudo, é também a única onde os consumidores não pagam qualquer taxa
pela ligação à rede pública de água. Em Barcelos, que, tal como Famalicão,
compra a água à empresa Águas do Cávado a 38 cêntimos por m3, os
consumidores pagam, até 5 m3 de consumo mensal, 0,43 euros/m3. A partir
dos 10 m3 mensais, cada m3 custa 1,38 euros, mantendo-se sempre os
primeiros dez metros ao preço mais baixo.
Braga e Guimarães (em conjunto com Vizela) criaram empresas municipais
para tratar do abastecimento de água e saneamento. Com captações próprias,
a Agere, em Braga, e a Vimágua, em Guimarães, apresentam os preços mais
baixos. Em Braga, uma família que gaste até 10 m3 de água, vai pagar cada
m3 a 37 cêntimos. Em Guimarães, os consumidores que usem até 5 m3, pagam
cerca de 32 cêntimos. Contudo, é neste concelho que são mais elevadas as
taxas de ligação à rede pública. Para a diferença de valores no preço da
água, contribuem as distâncias entre os reservatórios e as zonas a
abastecer. "É um custo social que leva permanentemente a novos
investimentos e à manutenção constante dos equipamentos", referiu ao
PÚBLICO António Castro, vice-presidente da Câmara de Guimarães e
presidente da Vimágua. Os mesmos motivos apresenta Nuno Ribeiro,
administrador da Agere. A empresa municipal de Braga tem a água a chegar,
desde a captação no rio Cávado até ao reservatório principal de Montariol,
ao preço de 25 cêntimos por m3. Contudo, o transporte, a manutenção do
sistema e a garantia da qualidade da água levam a que o preço seja
inflacionado para 37 cêntimos por m3.
O recorde dos preços baixos, em todos os concelhos, é batido pela tarifa
social da Agere. Esta tarifa destina-se a famílias com mais de três filhos
e cobra apenas 23 cêntimos por cada m3 de água consumida.
Quanto ao saneamento, os valores a pagar estão, quase sempre, associados
aos metros cúbicos de água consumida, registando-se o preço mais baixo em
Braga. O valor mais elevado (e mais complicado de apurar) regista-se em
Guimarães, onde a Vimágua, alegando uma "clarificação das facturas", faz a
separação, e a respectiva soma, entre drenagem de águas residuais e o seu
posterior tratamento. Assim, os consumidores têm que pagar, no que diz
respeito à drenagem, um valor fixo mensal de 44 cêntimos respeitante à
"disponibilidade de ligação ao saneamento" e mais 0,0797 cêntimos por cada
m3 de água facturado. A juntar a este valor, há ainda as verbas referentes
ao tratamento das águas residuais: 90 cêntimos mensais pelo "aluguer" do
equipamento, a que acrescem 0,2945 cêntimos por m3 de água facturada.
Quanto ao lixo, existe uma espécie de uniformidade de princípios: quem tem
água, recebe na mesma factura os custos inerentes à recolha e tratamento
dos resíduos sólidos; quem não tem água da rede pública, paga um factura
trimestral ou semestral apenas com a tarifa referente ao lixo. Uma verba
que varia conforme os resíduos sejam recolhidos diariamente ou apenas
alguns dias na semana. E.M. |