Público - 25 Fev 03
População da Área Metropolitana de Lisboa Trocou Transportes Colectivos por
Carro Numa Década
Estudo divulgado hoje
Duração média das viagens era de 32 minutos em 2001, sendo o Barreiro o concelho
que apresentava o tempo de deslocação mais elevado
Entre 1991 e 2001, a população residente na área metropolitana de Lisboa trocou
os transportes públicos, que asseguravam mais de 50 por cento das deslocações,
pelo automóvel, que passou a dominar os percursos entre casa, trabalho e escola.
Esta é uma das conclusões de um estudo sobre movimentos pendulares na área
metropolitana nestes dez anos, que é hoje apresentado em Lisboa. Um outro
estudo, relativo ao Porto, será divulgado na cidade nortenha na quinta-feira.
Assim, de acordo com o estudo, a que a agência Lusa teve acesso, em 1991 o
transporte colectivo assegurava mais de 50 por cento das deslocações da
população residente na área metropolitana de Lisboa, mas dez anos depois não ia
além dos 37 por cento. No mesmo período a importância do automóvel aumentou de
26 para 45 por cento.
Lisboa é o principal destino para a maioria da população residente na área
metropolitana, chegando diariamente a este concelho 340 mil pessoas por motivos
de trabalho ou estudo (número 1,3 vezes superior ao da população empregada ou
estudante que reside em Lisboa). Além de Lisboa, só em Setúbal, Azambuja e
Palmela se verifica um número de entrada superior ao de saídas.
Em 1991, as deslocações eram asseguradas, na maioria dos 19 concelhos
analisados, por autocarro, eléctrico e metropolitano - à excepção de Cascais e
Sintra, onde dominava o comboio. Mas em 2001 o automóvel foi o modo de
transporte mais utilizado (44 por cento dos habitantes optaram por este meio de
transporte), seguindo-se o autocarro (22 por cento), deslocações a pé (16 por
cento), comboio (dez por cento) e, com menor expressão, o eléctrico e o
metropolitano (três por cento).
Nas deslocações intraconcelhias na Amadora, Barreiro, Moita e Odivelas
predominaram as deslocações a pé, enquanto os residentes em Azambuja, Seixal e
Sintra usaram maioritariamente o comboio para se deslocarem para Lisboa. A
população de Loures e Odivelas privilegiou o autocarro nas deslocações para
Lisboa e a do Barreiro o barco.
Apesar da alteração que se verificou em termos da utilização dos transportes, a
duração média das viagens não mudou significativamente: os 32 minutos de 2001
são semelhantes aos 35 minutos de 1991. Em 2001, as durações médias superiores a
30 minutos correspondiam, por ordem crescente de tempo, às deslocações com
origem em Cascais, Loures, Vila Franca de Xira, Amadora, Oeiras, Odivelas,
Almada, Seixal, Moita, Sintra e Barreiro. Os concelhos mais periféricos -
Azambuja e Mafra - apresentavam os tempos médios de deslocação mais baixos: 23
minutos.
Noventa e cinco por cento da população analisada (um milhão e 381 mil activos
empregados ou estudantes em 2001) residia e trabalhava ou estudava na área
metropolitana. Os restantes cinco por cento incluem 47,5 mil pessoas que residem
fora dela mas para aqui se deslocam com o objectivo de trabalhar o, e 24 mil que
fazem o movimento inverso.
A comparação entre 1991 e 2001 revela que os movimentos intraconcelhios perderam
importância. Em contrapartida, aumentaram as deslocações entre concelhos da área
metropolitana e as entradas e saídas daquela área.
A análise das deslocações pendulares diárias da população da área metropolitana
entre o local de residência e o local de trabalho ou estudo, bem como os meios
de transporte usados e o tempo médio gasto nas deslocações, teve como base os
censos de 1991 e 2001.
O estudo resulta de um protocolo entre o Instituto Nacional de Estatística, o
gabinete de estudos e planeamento do Ministério das Obras Públicas, Transportes
e Habitação e a auditoria ambiental do mesmo ministério.

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