Famílias católicas preferem orações a presentes
de Natal Patrícia Jesus
Natal. Tradições católicas vão além da Missa do Galo
O tempo do Advento é celebrado por católicos com
orações em família à volta do presépio
No último domingo, Teresa Jardim e a família
juntaram-se para acender a última das quatro velas
da coroa do Advento, o tempo que antecede o Natal:
uma por cada domingo antes do dia 25. Para os
católicos, esta é a segunda data mais importante do
ano litúrgico, logo a seguir à Páscoa, em que
assinalam a morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Por a festa focar o "menino Jesus" no ambiente
familiar é também , por excelência, a festa das
famílias.
O presépio, no centro da sala, indica a importância
de Jesus e da fé para esta família, que não
compreende o conceito de católico não praticante.
"No primeiro domingo enfeitamos a casa e fazemos o
presépio, que não é simplesmente uma decoração,
ajuda a prepararmo-nos para o Natal, para o
nascimento daquele que nos veio salvar", explica a
educadora de infância, de 45 anos. Como? "Durante o
Advento tentamos reunir todos os dias para rezar.
Nem sempre é possível, mas é um momento forte de
união. Comunicamos com Deus mas também entre nós."
Francisco, de 15 anos, lembra as palavras de Jesus
para sublinhar a importância de rezarem juntos:
"quando ou três reunirem estarei entre vocês". Para
Manuel, de 19, fazer a festa do Natal "sem convidar
Jesus", "o aniversariante", não faz sentido. O jovem
faz questão de conversar abertamente sobre essa
contradição com colegas e amigos não católicos.
Cada domingo, a família - Teresa, o marido e os
cinco filhos, com idades entre os nove e os 19 anos
- reúnem para rezar, lêem alguns poemas e textos de
apoio para ajudar à reflexão. "Terminamos com
qualquer coisa para pôr em prática durante a semana
como 'vamos ser simpáticos para aquele colega do
emprego ou da escola que não gosta nada de nós'".
Este é também tempo de evangelização. Filipa Alvim,
de 33 anos, admite que esta é uma boa altura para
incutir o espírito cristão nas quatro filhas -
Maria, Mafalda, Mariana e Madalena. "Tentamos
participar nas várias celebrações definidas pela
paróquia, a missa de dia 8, dia da Imaculada, a
missa do galo mas sobretudo lembrar que somos
personagens vivas do presépio", diz. "Tentamos
pensar que lugar queremos ter na vida de Jesus,
porque o presépio representa a família".
Na procissão da "Via da Alegria", Maria do Carmo
Espírito Santo, de 51 anos, explica que além da
tradicional missa do galo não perde a missa do dia
de Natal e que na sua aldeia ainda se reza a novena
"todos os dias às 6 da manhã antes de as pessoas
irem para o trabalho".
Presentes com significado
Apesar de valorizarem o lado espiritual da época,
nem a família de Teresa, nem a de Filipa prescinde
da troca de presentes. Para educadora de infância,
dar um presente tem imenso significado. "É preciso
equilíbrio e não deixar que isso desvie a atenção da
essência do Natal: o nascimento de Jesus", diz. Para
a filha Matilde, de 9 anos, os presentes eram mais
valorizados quando era mais pequena. "Agora que já
percebo o significado do Natal já não dou tanta
importância", diz com seriedade. Aliás, costuma
fazer as suas próprias ofertas e os irmãos asseguram
que dão mais valor a estas do que a bonecos que vão
esquecer rapidamente.