Correio da Manhã - 21 Dez 06

 

Dia a Dia
O cúmulo do ridículo

Rui Hortelão, Subdirector

Os radicais islâmicos estão definitivamente a ganhar a guerra. A das ideias, das convicções, dos valores e das mentalidades.
 

No dia em que o ‘n.º 2’ da al-Qaeda, al-Zawarhi, renovou ameaças ao Ocidente, o Papa Bento XVI viu-se obrigado a vir a público pedir contenção na histeria generalizada contra os símbolos natalícios. O primeiro equívoco de quem adopta este tipo de medidas é, desde logo, dar mais importância aos muçulmanos radicais do que aos civilizados, porque estes últimos nunca viram na comercialização de presépios ou no nome Natal um problema. O segundo passa por não perceberem que vetar o presépio ou chamar ao Natal ‘Festa de Inverno’ são medidas ridículas, que só podem conter a fúria dos radicais mais tontos. Porque para os exigentes, como Bin Laden ou al-Zawarhi, isso de nada vale enquanto as mulheres tiverem direitos e não andarem todas de cara tapada, a Bíblia não seja substituída pelo Corão e a vida dos descrentes em Alá tenha algum valor.

Esta onda de respeito e preconceito preventivo que lavra na Europa contra símbolos da sua própria existência, não fosse tão perigosa e seria anedótica. É como fazer amor com uma viúva e usar um preservativo preto (cúmulo do respeito), ou um homem não dormir com a mulher por esta ser da família (cúmulo do preconceito). O cúmulo do ridículo está a ver-se qual é: alguém achar que resolve um dos mais graves problemas do Planeta não vendendo presépios e mudando o nome ao Natal.