Correio da Manhã - 10 Dez 06

Vida, morte e direito

Octávio Ribeiro, Director-Adjunto

 

Se cruzarmos o que dizem os responsáveis pela oferta do Serviço Nacional de Saúde com a ponderação do número de abortos que terão lugar anualmente no País a conclusão é só uma: se o referendo der o 'sim' à legalização, está em marcha mais um excelente negócio privado pago com dinheiro dos contribuintes.

 

O serviço público não tem capacidade de resposta para um mínimo de 25 mil abortos que terão lugar anualmente em Portugal. Este tipo de intervenção médica não é passível de lista de espera. Logo, o que o Estado vai fazer é canalizar largas verbas para as clínicas privadas que se preparam para abraçar o negócio.

 

A este passo do raciocínio, ecoa-me aquele extraordinário argumento dos que defendem a eutanásia: como pode um Estado negar o direito à morte a quem a pede de forma consciente e sustentada se, por outro lado, nega o direito à vida aos que ainda não têm voz?

 

Na casa dos princípios, quando se abre uma porta o vento não mais pára de soprar.