Petição em defesa do ensino do Português
Crítica da qualidade do ensino em Portugal, em particular da língua portuguesa e
da literatura, Maria do Carmo Vieira, professora do secundário, pôs uma petição
a circular, exigindo a "dignificação do ensino" e pedindo a intervenção da
ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.
Em causa, alega, está a aplicação dos novos programas de Língua Portuguesa,
tanto do básico como do secundário, que se convertem em manuais escolares e
exames nacionais que tratam a literatura como um "mero tipo de texto". Por isso,
exemplifica no texto da petição, os alunos são convidados a "transformar um
soneto de Luís de Camões numa notícia de jornal, um texto de Fernando Pessoa num
requerimento, um auto de Gil Vicente numa carta de reclamação, ou ainda a
envolver a poesia de Cesário Verde (...) com editoriais, textos publicitários e
outros".
Maria do Carmo Vieira critica também alguns dos exercícios constantes dos exames
nacionais de Língua Portuguesa do 9.º ano, em que textos de Alves Redol e de
Luísa Costa Gomes são interpretados "com respostas de escolha múltipla e de
verdadeiro/falso". Ou ainda o facto de um excerto de Os Lusíadas ter sido
substituído, na 2ª chamada desta prova, pela reprodução de alguns artigos do
Tratado da União Europeia.
"Não permita que a língua seja separada da literatura e que a interpretação de
um texto literário seja apoiado por respostas V/F ou de cruz", apela-se na
petição, disponível em http://www.petitiononline.com/mercurio/ e que conta com
cerca de mil assinaturas.
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