Público - 10
Dez 05
Ministro canta vitória no combate à fraude na
Segurança Social
Eunice Lourenço
Receita arrecadada no âmbito dos processos litigiosos subiu 74
por cento. Meta de 200 milhões pode ser ultrapassada
As contribuições para a Segurança
Social tiveram, em Novembro, um crescimento de 6,7 por
cento em relação ao mesmo mês de 2004 e vai ser cumprido
o crescimento de 4,4 por cento previsto para este ano,
mais 1,5 pontos percentuais face ao crescimento do ano
passado. No domínio do combate à fraude há ganhos de
eficiência que chegam aos 74 por cento. Tudo dados que
fazem com que o ministro do Trabalho e da Solidariedade
Social, José António Vieira da Silva, diga que os "dados
referentes a 2005 são um passo de gigante" na
consolidação das contas.
"Na política que apelidamos de "política de pequenos
passos", que serve de matriz estratégica ao trabalho que
o Governo desenvolve, neste ministério, estes dados
referentes a 2005 são um passo de gigante", disse Vieira
da Silva ao PÚBLICO, salientando que o esforço no
combate à fraude foi um elemento decisivo para que se
esteja "com taxas de crescimento homólogo das
contribuições de 6,7 por cento, e taxa de crescimento
acumulado na ordem dos 5 por cento".
Numa situação de quase estagnação económica e de
crescimento do desemprego, como a que Portugal vive
desde 2002, o que seria natural era a estagnação das
contribuições para a Segurança Social. A variação de
2004 em relação a 2003 tinha sido de 2,9 por cento e,
este ano, até Abril, andava na casa dos três por cento.
Daí que o Ministério da Solidariedade Social atribua o
crescimento conseguido para este ano - de mais 1,5
pontos percentuais, o que corresponde a 34 por cento -
ao plano de combate à fraude anunciado a 22 de Abril.
É, precisamente, no campo do combate à fraude que se
registam os maiores aumentos de arrecadação, com uma
variação acumulada de 74 por cento nas secções de
processo (as cobranças que envolveram litigio ente o
devedor e o Estado). A recuperação de dívidas feita
apenas por notificação e fiscalização, ou seja só com
operações administrativas, alcançou os 97.392.411 euros.
Entre essas operações esteve a notificação de 281 mil
pessoas que estavam registados como trabalhadores
independentes e não tinham pago contribuições nos
últimos anos.
Novo paradigma
O total recuperado até Novembro atinge os 197.667.900,53
euros, já muito perto dos 200 milhões de euros que o
Governo colocou como meta para a recuperação de dívidas
à Segurança Social este ano.
Estes ganhos são atribuídos pelo Ministério, ao melhor
funcionamento da máquina da Segurança Social e à mudança
de paradigmas no combate à fraude e evasão. Por exemplo,
no que diz respeito às empresas, antes eram
seleccionadas por método aleatório, hoje são usados
indicadores, sendo preferencialmente fiscalizadas
empresas de sectores considerados de risco. Além disso,
todas as empresas que num mês não entregam contribuições
ficam imediatamente sob observação e no segundo mês a
Segurança Social actua.
"Trata-se de resultados muito importantes, que se
traduzem globalmente em muitos milhões de euros de
receitas adicionais, que ajudam a equilibrar o sistema",
congratula-se Vieira da Silva, acrescentando: "Tal tem
sido possível pela orientação estratégica conferida ao
combate à fraude, pelos novos procedimentos de combate à
fraude assentes no sistema de informação (cruzamento de
dados, notificações automáticas, etc.), e por uma grande
melhoria do processo de execução, devido a melhorias
também informáticas e de aumento das acções de penhora."