Diário de Notícias - 06 Dez 05

Fecho de unidades reduz cesarianas
Rute Araújo

 

O encerramento das maternidades que funcionam sem as condições mínimas de segurança permitiria baixar "3 a 5%" o número de cesarianas realizadas no País. A opinião é de Luís Graça, presidente do colégio de ginecologia/obstetrícia da Ordem dos Médicos, que sublinha o facto de a média nacional (30%) ser das mais elevadas da Europa. Segundo o especialista, pelo menos seis unidades deviam encerrar de imediato, entre elas a de Elvas, com menos de 200 partos por ano. "Fechar maternidades é uma opinião pacífica. Não tem é havido coragem política para resolver o problema", defende.

A falta de segurança oferecida por algumas unidades - que realizam partos abaixo dos 1500 por ano e não dispõem de equipas médicas e de enfermagem em número suficiente - tem sido levantada ao longo dos anos pelos especialistas. Mas sem que nenhum governo avance com a sua concretização.

Segundo noticiou ontem o Jornal de Notícias, uma proposta da Direcção Geral da Saúde aponta para o encerramento imediato de seis unidades. A lista inclui Elvas, Castelo Branco e Guarda. Mas Póvoa do Varzim, Amarante, Barcelos, Santo Tirso, Bragança, Mirandela, Lamego, Oliveira de Azeméis, Figueira da Foz, Torres Vedras, Vila Franca e Cascais são outras maternidades em situação precária, com menos de 1500 partos por ano.

Contudo, o director-geral da Saúde, Francisco George, garante que o estudo técnico "para avaliar a segurança da mãe e da criança" não está ainda concluído. Além deste, refere, existem outros dois em curso naquele organismo um desenvolvido pelo departamento de saúde materna e infantil e outro encomendado a um consultor externo.

Luís Graça refere que a concentração de recursos é essencial para "uma maior segurança no parto e uma menor probabilidade de surgirem problemas". Além dos 1500 partos mínimos por ano e da equipa médica e de enfermagem, refere como condições essenciais a existência de uma sala de operações privativa, um anestesista em permanência e um pediatra com formação em recém-nascidos. "A decisão de fazer uma cesariana devia ser algo discutido entre a equipa clínica, mas muitos médicos recorrem a ela para aproveitar uma aberta no bloco operatório", diz.

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