Público - 7 Dez 04
Alunos
Portugueses São dos Piores na Matemática
Por BÁRBARA WONG
Mais de metade dos alunos portugueses com 15 anos
têm níveis de literacia matemática baixos, ou seja, não conseguem
mais do que fazer tarefas simples. Portugal continua a ocupar um dos
últimos lugares do "ranking" feito pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a partir do estudo
internacional sobre a competência dos alunos de 15 anos, conhecido
por PISA (Programme for International Student Assessment).
Matemática, leitura e ciências são as três áreas
testadas e em todas elas os alunos portugueses situam-se no fundo da
tabela. Ao contrário da edição de há três anos, dedicada sobretudo à
leitura, o PISA centra agora as suas atenções na Matemática - entre
29 Estados, Portugal fica em 25º lugar.
Os resultados nesta área de conhecimento
demonstram que apenas um terço dos estudantes dos países da OCDE
consegue ter um bom desempenho entre os três níveis mais altos -
para facilitar a interpretação dos dados foi definida uma média que
se situa em 500 pontos, de forma a que dois terços dos estudantes
desses países tenham resultados entre os 400 e os 600 pontos.
Depois, foi definido que o nível mais baixo (chamado "abaixo do
nível 1"), o mais fácil, corresponde a menos de 358 pontos e que no
mais alto e difícil (nível seis), os estudantes têm desempenhos
acima dos 668 pontos.
Na maior parte dos países, um quarto dos
estudantes não consegue chegar ao nível 3 (entre os 483 e os 544
pontos).
Os resultados portugueses são ainda mais
preocupantes: um quarto dos alunos que fizeram os exercícios
propostos pelo PISA não chegaram ao nível 2 (o mesmo acontece com os
italianos e norte-americanos). Entre estes, há onze por cento que
ficam abaixo do nível 1. Ou seja, que não atingem o patamar mínimo
de literacia a matemática. São jovens que não conseguem realizar
tarefas básicas.
Um por cento com resultados excelentes
Apenas um em cada cem alunos portugueses realizam
exercícios mais complexos e ocupam o nível mais alto, ficando a três
pontos percentuais da média da OCDE (quatro por cento).
O estudo analisa a forma como os estudantes
respondem em quatro áreas de conhecimento matemático: geometria,
álgebra, fenómenos numéricos e padrões, estatística e
probabilidades.
Um quarto das tarefas exigidas foram na área da
geometria: 17 em cada cem estudantes portugueses não consegue
resolver um "problema simples", usando figuras ou formas geométricas
conhecidas. Apenas um por cento chega ao nível máximo e resolve um
problema complexo. Atrás de Portugal ficam a Grécia, Turquia e
México.
Na área da álgebra, os alunos portugueses saem-se
melhor do que na geometria, embora continuem a ocupar os últimos
lugares. Aqui, um quarto dos avaliados encontra-se no nível 2, onde
se fizeram questões como esta: "Desde 1980 que a média de altura das
mulheres de 20 anos aumentou 2,3 cm, para 170,6 cm. Quanto era a
média em 1980?"
Também na álgebra uma minoria de estudantes,
apenas cinco por cento, na média da OCDE, consegue responder às
questões mais complexas, mas quase dois em cada cem jovens
portugueses consegue classificar-se entre os melhores.
Embora a OCDE ressalve que não devem ser feitas
comparações com o primeiro estudo do PISA, no que diz respeito a
Portugal os jovens melhoraram ligeiramente o seu desempenho a
álgebra.
A terceira área avaliada foi a dos fenómenos
numéricos e padrões. Os jovens da OCDE não se saem tão bem como nos
desafios anteriores. Apenas quatro por cento consegue chegar ao
nível 6. São 72 por cento os que se ficam pelo nível 2, mas já nos
Estados que tradicionalmente ficam pior, Portugal incluído, um pouco
mais de um quarto dos estudantes não alcança o nível 2.
Quanto às estatísticas e probabilidades, os
alunos tiveram de responder a questões que envolvem a leitura de
gráficos e escalas. Também aqui os estudantes da OCDE tiveram mais
dificuldades em chegar ao nível 6 (quatro por cento). Em Portugal,
nem sequer um aluno em cada cem consegue a proeza de conquistar um
lugar entre os melhores. Aliás, a grande maioria fica aquém do nível
3.
Em todas as áreas os rapazes saem-se melhor do
que as raparigas - a excepção são as alunas islandesas, que têm um
desempenho ligeiramente superior aos seus colegas do sexo oposto.
Face a estes resultados, a OCDE alerta que o
objectivo de todos os países deve ser o de aumentar os níveis de
educação, porque a sua prosperidade está dependente da educação e da
qualidade dos recursos humanos.
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